Desapareci sim. Mas foi para dentro de mim mesma. Ou para um carvalho grande que fica numa mata especial que se inunda de água no Inverno. Ou para o meio de olhos brilhantes, dedos levantados para perguntar coisas, palavras a soltarem-se, mãos a juntarem-se no meio dos caminhos. Eram 19, entre crianças e jovens, dos 8 de um sorriso matreiro aos 14 de uma loura feiticeira. De Segunda a Domingo da última semana marcámos encontro, não um encontro qualquer, mas um a sério, de alma inteira, telemóvel desligado, longe da internet, só nós na sala da igreja desactivada, ali escondidos bem no meio da vila.
Pergunto a mim mesma porque demorei tanto a chegar aqui se sempre soube que era isto que queria. Pergunto-me porque tenho que continuar a fazer outras coisas se é por aqui que quero ir, não só com crianças e jovens mas também com adultos e idosos. Olho para a vida académica, ainda agora fui espreitar um concurso para investigador de um grande centro de investigação e embasbaquei a olhar para os critérios, já não basta publicar, é preciso que se publique nas revistas internacionais de topo, que se seja citados em determinadas bases de dados bibliométricas, tudo é escrutinado ao pormenor, tudo absolutamente pobre, um verdadeiro capitalismo, uma bolsa em que cada professor de ensino superior pode ser equiparado a um valor em acções.
A magia desta semana volta até mim com intensidade, adormeço e acordo ainda maravilhada com o que conseguimos fazer, com a forma como trabalhámos como equipa de adultos, com a forma como discutimos intensamente tudo e discordámos tantas vezes para nos podermos acertar, criar caminho. Maravilhada como estes miúdos foram capazes de numa semana evoluir tanto, fazer tanto.
O espanto de alguma coisa ainda me espantar tanto, trazer-me uma tão grande alegria. E esta alegria veio no momento certo, acordar-me de momentos escuros que se atravessaram no meio do Verão. Oxalá o meu coração possa guardar esta energia, fazê-la eclodir mais vezes. Só por isto já valia a pena ter criado esta associação. Mas creio que faremos ainda mais, devagarinho, à medida das nossas possibilidades.
~CC~
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