terça-feira, 16 de setembro de 2014

Outra vez a escola



O meu regresso fez-se com dificuldade. Desligo a agulha, vou para muito longe, às vezes lugares tão felizes que não quero voltar, outras lugares menos felizes de que não sei como sair.

Regressei em dose dupla, eu à minha escola, a minha filha na universidade pela primeira vez. O meu regresso fez-se pautado por uma clara luta anti praxe, eu e alguns colegas fizemos um panfleto e um manifesto em que apontamos a degradação de entrar assim numa nova etapa da vida, incentivamos sem medo a recusa, assumimos. Muitos colegas não nos apoiaram mas não importa, quebrámos anos de marasmo, anos em que nenhum professor disse nada, acho que esses anos de conivência muda foram decisivos para a situação ter piorado cada vez mais. Os pais em casa a dizerem que a opção era deles e sem assumir uma posição, os professores mudos. Adultos demissionários geram jovens perdidos.

A minha filha está em casa sem fazer nada, em não querendo ir às praxes, não há mais nada, a escola paralisa porque os a favor da praxe estão na cerimónia  e os contra não põem lá os pés. Ficam, contudo, sem nenhuma informação, no limbo. Na Faculdade dela seria bom ter os sete resistentes que o ano passado, sendo alunos do 2º ano, foram às minhas aulas, tiveram essa coragem. Não a proibi de nada, assumi a minha posição, deixando que assumisse a dela, ia custar-me se ela fosse mas não a coagia a não ir porque estas coisas têm que se fazer em liberdade. Nada disto deve ser proibido, mas deve ser denunciado, apontado, discutido.

Por acaso acho que foi para mim um começo mais feliz, senti que tinha voz e falava.

~CC~




1 comentário:

  1. "...anos de conivência muda foram decisivos para a situação ter piorado cada vez mais." Absolutamente de acordo. Obrigada a si e a todos os outros que não se demitem. E um ano feliz para mãe e filha :)

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