segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Quarto azul e outros quartos mais



A miúda que está grande cortou o cabelo quase pela metade, é verdade que era longo e ficou apenas meio longo mas é uma coisa que qualquer mulher nota, isto fez com que descobrisse que todos os rapazes amigos e adultos homens não tinham sequer reparado que ela tinha cortado o cabelo, ao passo que todas as raparigas sim.

Não quis ser demasiado má, dizendo-lhe que se fosse a vizinha do lado com a qual nem sequer falam, eles teriam reparado. É chato falar dos homens pois todas as generalizações são naturalmente abusivas e teríamos que dizer: tendencialmente os homens não reparam nas suas mulheres, nas suas filhas, nas suas mães, naquelas que partilham o círculo da sua intimidade. 

O filme quarto azul é o retrato mais fiel e acabado de como os homens lidam com as mulheres, respondendo-lhes amiúde com distracção, não reparam no peso das palavras que elas usam e na força que elas têm no coração. As mulheres são capazes de todas as tragédias enquanto os homens assobiam para o lado. O homem que tem um caso não é igual à mulher que tem um caso, o filme retrata isso de forma rigorosa, precisa. Ele arranja só uma amante, uma coisa volátil, que um dia irá desaparecer como chegou, sem dor nem história. Ela quer um homem que seja dela, só dela, aceitando que naquele momento não o é, mas projectando um futuro dos dois. Na anatomia do crime só ela é verdadeiramente culpada e ele é totalmente inocente, no entanto não me causou pena, nem senti simpatia por ele. Todo o homem que não ama e deambula entre mulher e amante sem verdadeiramente querer nenhuma delas não me merece respeito, preferi-a a ela, trágica e louca na sua obsessão amorosa. Pois, cresci mulher.

~CC~




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