sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Quem o PS perdeu


O PS perdeu pessoas como eu que votaram nas legislativas muitas vezes a seu favor. Do meu círculo de amigos são vários como eu, pessoas que desta vez não se deixam ir na conversa do voto útil e que consideram que não há utilidade sem convicção. Já não conseguimos porque não se mostraram assim tão diferentes dos outros naquilo que é decisivo, na forma como se comportam enquanto políticos. O discurso até pode conter a defesa da escola pública e do serviço nacional de saúde, mas na prática sabemos que são seus membros aqueles que gerem uma das mais poderosas corporações de colégios privados em Portugal. O que choca é a distância do discurso à realidade, é o modo como não deitaram fora o que não prestava e não deixaram emergir pessoas novas. São os mesmos de sempre, já os vimos em governos anteriores. Os que conheço pessoalmente espelham totalmente o que lá vai, estão sempre à espera de um lugar qualquer. Não se trata isto de combater o alvo errado, trata-se de um lamento e de um lamento triste de quem queria votar neles e não pode, não consegue.

O meu voto num partido mais pequeno não é também tão convicto quanto deveria, também eles se deixam de algum modo monopolizar por um conjunto de estrelinhas políticas um tanto já gastas e fazem trasnferências de um lado para o outro sem qualquer explicação que nos permita interiramente percebê-las. Nenhum partido de esquerda me seduz verdadeiramente e o mais novo, por o ser, é aquele que ainda cometeu menos erros. Em síntese, não há ainda nenhum partido de jeito em Portugal. Os movimentos de cidadãos, tornados partidos, parecem nascer já reféns de vedetismos inúteis (veja-se o caso de Marinho Pinto). O mais triste é que todos perdemos com estas eleições, desde a direita que perde realmente votos e capacidade de governo à esquerda dividida, sem possibilidade de fazer realmente alguma coisa pelo povo que tanto defende. Domingo chove, talvez a chuva nos lave e nos dê nova energia, bem precisaremos dela para enfrentar o que aí vem.

~CC~


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