sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Do que não sabem...




Exame a exame, cada um deles pede mais um, numa cadeia que me parece interminável. Sinto-me absolutamente escrutinada, vista por uma lupa fininha que vê tudo o que antes permanecia incógnito, silencioso. Há sempre mais qualquer coisa que está mal ou parece mal, há sempre que saber mais. Apetece-me dizer-lhes que não me acordem os monstros interiores que dormiam sossegados, que tanta inquietação não lhes fará bem. Que não me digam tanto, escondam qualquer coisa só para eles. Escapa-lhes, contudo, qualquer coisa que é só minha, uma alma meio partida, e dessa é que eu tenho que tomar conta. Eles aí não mexem, não querem mexer ou ignoram que temos mais que ossos, artérias, células. Dessa coisa de dentro, chamada pessoa fala-se quase nada. Trato dela só eu, ando a colar-lhe os cacos para ver se me sustenho e vou por diante.

~CC~

3 comentários:

  1. Deixo um abraço, como quem deixa cola da melhor qualidade, da que cola mesmo tudo, até pessoas.

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  2. e deviam ser eles a cuidar, sim. ou pelo menos a ter mais cuidado.

    um beijo CCF

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  3. Luísa, essa cola parece boa:)
    Laura, apetece dizer-lhes: olhe eu deixo aqui esse órgão pelo qual está interessado, você fica com ele e trata-o enquanto eu vou-me embora.
    ~CC~

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