domingo, 7 de abril de 2024

Tamboril de caril

 

Almocei um tamboril de caril com arroz de coentros. Coloquei a mesa como deve ser. Sentei-me tranquila e com tempo. Ainda bebi meio copo de cerveja-sidra.

Pensarão portanto que cedi por completo à insignificância do que tenho para dizer ou que estou em transição para um blogue de culinária. Quanto ao blogue de culinária, não houvesse trezentos mil e talvez me aventurasse, às vezes a família pede. A sobrinha no dia de Páscoa pediu a receita da lasanha de camarão que acho que inventei. Quanto à insignificância da minha pessoa acho que já disse tudo no post anterior.

Quero dizer-vos da importância da dignidade das pessoas que vivem sozinhas. De como a construir a cada dia. Uma das coisas mais importantes é cozinhar uma refeição completa, não ceder aos cereais, ao pão com queijo, à eterna sopa. Comprar comida, ter comida em casa, fazer comida, colocar a mesa, sentar à mesa, saborear. É verdade que às vezes não apetece e o "só para mim não vale a pena" paira ali algures na cabeça. Eu nem ligo a televisão, fico ali no meu silêncio entre cada garfada, feliz por poder demorar-me. E não acho triste o que tantos acham triste. Talvez por não acontecer sempre, talvez por pensar que se quisesse teria alternativa, talvez por não ter morado bem sozinha e ter por aqui de quando em quando duas borboletas (o A e a A) que muita companhia fazem.

Tamboril de caril com arroz de coentros, ainda pensei arranjar os morangos, mas prefiro a fruta a meio da tarde. O lanche, esse terá amigas.

~CC~




6 comentários:

  1. Da ementa que refere, não gosto. Mas gosto da parte em que fala dos que estão sozinhos, já fui desses repetidamente e sem aptidões para cozinhar, a ementa de eleição era "tosta triste com salada". Não é bom lembrar.

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    1. Pois, são muitos os que por isso passam. É preciso "dar a volta"...um bom repasto faz milagres.

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  2. mnha mnha, e a receita a-se, se pedido com muito jeitinho? Aqui ou pelo euaquinoname@gmail.com
    :)

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    1. Queria tirar o endereço mas não consegui. Eu quase sempre invento, não uso muito receitas. É fazer um refogado com cebola, alho e os espargos cortados fininhos. Juntar o tamboril cortado aos pedaços que temperou com sal e limão (pode ser do congelado mas deixe descongelar primeiro). Tape o tacho e deixe cozinhar, se necessário junte um pouco de água quente (mas não mais que uma ou duas colheres de sopa). Dissolva o caril no leite de coco e quando achar que o tamboril está quase cozido (uns 10, 15 m) junte, baixe o lume e deixe assim mais uns 5m (às vezes junto uns camarões, mesmo dos congelados). Bom apetite!

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  3. Cozinho desde os quinze e, em vez de receitas, podia escrever um livro com as histórias da minha falta de jeito ao longo de décadas. Detesto sandes e sou alentejana de pouco pão. Portanto, fora o tempo de férias em que cozinhava para a família, cozinhei sempre ou quase sempre só para mim. Também comi e ainda como sopa ao jantar; por gosto. Não aprecio caril e nunca fiz lasanha senão de carne. Por razões de saúde cinjo-me a grelhados e cozidos excepto em dias especiais e tenho de recorrer â medicina. Fico contente por saber que a CC pode saborear essas iguarias sem dano. A boa mesa é um prazer inestimável e varia de acordo com o gosto de cada um. Não sei se lhe acontece, mas já me pesam os milhares de horas na cozinha. Também gosto de fazer refeições sozinha, sempre gostei. E nunca me lembraria de ligar a tv. Ainda não chegou o tempo de a considerar uma companhia.

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    1. Olá Bea, eu tenho também restrições alimentares mas são muito próprias. Imagine, caril posso comer, mas leguminosas não. Somos bem diferentes de muita gente por esse país fora, sobretudo pessoas mais idosas, para as quais a televisão é uma companhia. Respeito isso mas não sinto o mesmo. Quanto à cozinha, às vezes também me canso, mas em geral é um alívio do trabalho intelectual, posso usar as mãos e isso faz-me bem,

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