domingo, 10 de novembro de 2024

Amigos de Novembro

 

Tinha dois amigos nascidos em Novembro, 

Ambos subterrâneos, sombrios e profundos

Amigos cortantes e gelados

Amigos calorosos e meigos 

Tão inteiros e genuínos


E agora só tenho um

E por isso estou muito mais sozinha

sem uma amiga de Novembro


Choro a sua ausência com os seus brincos postos nas minhas orelhas

E a memória das nossas cabeças rapadas pela doença

Ela haveria de corrigir letra por letra este poema 

E detectaria por certo o erro

Contido no uso do verbo passado para a referir


Amigos não morrem ainda que morram.

~CC~






3 comentários:

  1. É verdade que a amizade não esvai com a morte, o passado é o imutável de cada um. Mas o sentimento que fica assenta os pés em irreversível saudade de que a vida nos vai distraindo. E vamos crescendo em saudade, a amizade já não tem por onde cresça.
    A sorte não me deu amigos de Novembro. É uma boa sorte.
    Boa noite, CC.

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  2. A minha lista de amigos é quase um deserto.
    Um abraço.

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  3. É verdade CC, a amizade, assim como o amor, mesmo que termine por morte de um interveniente (que palavrão desinspirado), permanece em nós. Mas se acabar por causa diversa, lembremo-nos de Vinícius que dizia acerca do amor, "Que não seja imortal, posto que é chama, Mas que seja infinito enquanto dure."
    E como eu costumo dizer, quanto mais envelhecemos, mais olhamos para o passado para sentir felicidade. Mas amanhã é um novo dia.
    Abraço CC.

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