quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Deixem-me um canto

 

Corro atrás das horas e elas andam sempre para a frente a fugir-me, a escapar-me. Assusta-me não conseguir chegar onde prometi chegar mas faz-me profundamente infeliz tê-lo prometido, os meus compromissos já não deviam ser estes que estão sempre a chegar, a assolar-me, a tirar-me o sono. Tudo tem um ciclo e posso não ter chegado ao topo dos topos, seja lá o que isso for, mas agora é tudo o que eu menos quero. Houve um tempo que achei que de um lugar de poder conseguiria influenciar o mundo ou pelo menos uma organização e isso poderia valer a pena, estive quase a fazê-lo, mas houve sempre em mim alguma descrença. 

Nunca pensei querer tanto que se esqueçam de mim. Não quero falar para plateias, desse lugar não vejo os olhos de ninguém, não consigo abraçar ninguém. E estou condenada, obrigada a fazê-lo, isto já é uma violência e parece estranho não poder dizer não, mas há circunstâncias em que não se pode fazê-lo. Quero estar com pessoas, mas de outra(s) forma(s). 

Deixem-me um canto onde me possa abrigar e submergir na poética das coisas. 

~CC~

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