Foi tudo por causa de Lá.
Poderia imaginar um lugar onde confluíssem as minhas devoções todas juntas?! O José Luís Peixoto junta-se ao Teatro Meridional e ao Teatro de Montemuro?! Nenhum desiludiu, pelo contrário, potenciaram-se uns aos outros.
Lá é aquele lugar onde pensamos ser felizes, aquele lugar que buscamos sempre como uma quimera, aquela risca azul do arco-íris. Partimos nessa busca mas quando chegamos nada é o que imaginámos que seria. E vamos e voltamos. E quando voltamos e pensamos que afinal o lugar que deixámos para trás era afinal o melhor, no regresso ele também já não é o mesmo. Talvez esta peça seja sobre campo e a cidade, sobre emigrantes e imigrantes, sobre ir e voltar. Mas é também outra coisa. Ou talvez a coisa que eu senti e só eu. É sobre o lugar onde pensamos que está a felicidade, um lugar de chegada. E depois de lá chegarmos afinal a felicidade esquivou-se e não nos abraçou como devia.
A Primavera também chegou com chuva e muito vento. E depois da chuva dar tréguas veio o frio. Não é o que esperávamos. Mas há alguns morangos, há margaridas brancas e amarelas, há de quando em quando um raio de sol que fura aos nuvens, há o cheiro da terra encharcada de água, há bichos sem sede.
Não há Lá, há uma só uma viagem, nessa viagem há vários lugares e nenhum é totalmente belo e encantador. Dentro das coisas bonitas há coisas feias e dentro das feias há coisas bonitas. Demoramos a aceitar, toda a publicidade gira em torno da perfeição e do belo. Quando me olho no espelho demoro a aceitar-me, não sou bonita, não sou feia, tenho todas essas coisas em mim. Quando uma coisa te parecer perfeita fica atento, é postiça. Vê como esta Primavera chegou tão torta e imperfeita.
~CC~
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