Uma parte de mim ficou lá, só vou regressando lentamente.
Isso acontece-me sempre nos lugares bons, fico a saboreá-los como um rebuçado de longa duração que desembrulho para encher as células de ar feliz.
São duas aldeias muito próximas, vizinhas. E desta vez não consegui ficar na aldeia do festival de teatro, é verdadeiramente difícil, até na outra é. Achamos que as aldeias repelem os estranhos como se fossem mosquitos incómodos, mas ali não é assim, todos nos cumprimentam e acolhem. Mas é verdade que a população triplica com os familiares que chegam e fico impressionada com as pessoas que moram longe e que vão todos os anos, estejam ou não em Portugal. Há assim jovens e crianças por todo o lado, renovando amizades que só existem nesta altura do ano, mas que são um destino certo. De repente toda a aldeia não é mais do que um conjunto de primos que ora almoçam numa casa ora noutra e vemos as pessoas a circular com as sobremesas, o pão, o vinho, já que a água, essa vai-se buscar fresquinha à fonte.
Esperam por nós todas as noites para descermos ao festival, formamos o grupo e vamos e voltamos juntos e a pé. Na ida conversamos e trocamos ideias e histórias e na volta falamos sobre a peça que vimos. Há um céu imenso por cima de nós, pejado de estrelas. A sensação de felicidade é intensa, parece estar tudo bem e no lugar certo, até eu.
~CC~
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