Cheira intensamente a mar e ouve-se muito o som das ondas, fortes, batidas contra a areia. Do outro lado corre a ribeira e o triângulo de areia recorta-se ali, ainda assim um vasto areal, entre a procura do doce ou do salgado, do selvagem ou do tranquilo, viaja-se na própria vida, feita também destes cambiantes.
Contei apenas catorze casas alojadas na falésia, duas ruas, uma muito íngreme e a outra um pouco menos. Tornou-se famosa sim, não é desconhecida, mas mantém-se praticamente inalterada há mais de vinte anos. Foi casa uma temporada de férias apenas, há já muitos anos e depois só voltei pontualmente. Mas não é o mesmo ir à praia do que estar na praia. Acordar e espreitar como está o sol, o vento, o céu, o lado do rio e o lado do mar, sentir a humidade da manhã, o cheiro a iodo, ver o areal apenas habitado pelas gaivotas ao início e ao final de cada dia. Durante dois períodos de férias não conduzi entre o dia de chegar e o dia de partir, apenas caminhei e fiquei, isso fez-me muito bem.
Num lugar tão belo não é preciso imaginar muito, o bar é apenas o bar da praia e a esplanada a esplanada do mar e mais adiante é o bar da ponta branca porque é o nome do rochedo em frente. Não há conchas, mas o mar traz muitos e muitos seixos de vários tamanhos e formas, ficam espalhados na maré baixa e isso baptizou a própria praia.
O ritual do pôr do sol mantém-se igual, parados, em silêncio, comovidos, um brinde com alguma bebida alcoólica a estarmos vivos mais um dia sobre a terra (isto foi o que A disse e todos concordámos).
Foi casa, foi o final das férias e o regresso à casa abrigo de sempre. Por momentos apetece-me chorar, não há melancolia maior do que a de Setembro.
~CC~

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É assim uma paz que se respira e transpira deste texto. E mais a melancolia de Setembro. Para acompanhar.
ResponderEliminarGostei.
Boa semana, CC.
Sim, tal qual. Obrigada Bea
EliminarÉ não estarmos sempre nesse lugar idílico que nos faz achar idílico.
ResponderEliminarUm abraço.
Não só mas certamente também. Abraço
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