sábado, 1 de novembro de 2025

Fugiu-me Outubro

 

Fugiu-me Outubro à velocidade que a areia me cai entre as mãos se as abrir. Fugiu-me Outubro como se  todo um mês tivesse sido vivido naquela velocidade dos banhos matinais. Fugiu-me Outubro enquanto tentava prolongar os dias e adiar a hora das noites. Fugiu-me Outubro nos sonos inconstantes entre o sofá e a cama, sonâmbula entre ser demasiado cedo para acordar e demasiado cedo para dormir. Fugiu-me Outubro enquanto tentava acabar sem conseguir o livro do Clube de Leitura. Até os espectáculos a que assisti não perduraram na memória, tão cheia de pressas que ela andou. 

Apenas ficou Outubro no dia em que a chorei, em certas manhã de domingo em que ouvi música, em certos dias em que consegui pisar as folhas amarelas e reunir paus com que desenhei ninhos para aves ainda inexistentes. 

~CC~




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