Faço um exercício habitual que me ajuda a viver: ver naquilo que é mau algo de bom.
Mas hoje não resulta, a tua partida foi só má. Para ti pode ter sido o fim do sofrimento, é o que se costuma dizer para consolo. Mas para mim foi só sofrimento, nada trouxe de bom. Sinto a tua falta. Também nos dizem que nos iremos encontrar algures no Universo, mas não acredito. Para mim tu és só a poeira, fragmentos que se espalharam, nunca mais nos iremos ver. Só vives na memória dos que te amaram e eu fui uma delas. E não foi um amor fácil, houve momentos de encontro, de desencontro, de maior proximidade e de maior distância. Mas nunca nos perdemos, nunca duvidámos que gostávamos uma da outra.
Lembro esta subida ao castelo como um dia iluminado, nós duas já depois da doença, a viver a esperança da vida. A almoçar só as duas naquele pequeno restaurante que não conhecias e do qual gostaste tanto. A tua lucidez, argúcia, tanta ternura.
E às vezes gostavas desta data, outras não te apetecia. Que bênção para mim teres nascido e eu não te ter deixado passar por mim sem te agarrar. O culto da amizade tem sido o meu verdadeiro culto.
~CC~

Sem comentários:
Enviar um comentário
Passagens