sexta-feira, 18 de julho de 2014

Recuperação de guarda chuvas em pleno Verão



Sempre fui uma pessoa muito distraída, com grande disponibilidade para perder objectos, vestir roupa ao contrário, esquecer-me de tirar etiquetas, varrer nomes das coisas ou trocá-los. Não sei como é que os genes guardam estas memórias e as passam às gerações seguintes pois a minha filha é tal e qual, talvez para pior, porque com a idade eu fui melhorando e há muito que não perco chaves, cartões multibanco e carteiras. Contudo, dois objectos são ainda recorrentes: óculos de sol e guarda chuvas. Adoptei assim a regra de os comprar baratos, mesmo assim ganho-lhes afeição e fico triste por não saber para onde foram, por isso fiquei a pensar demoradamente no título que o Afonso Cruz deu ao seu último livro "Para onde vão os guarda chuvas" e em comprá-lo para obter a resposta sobre os meus. 

Este ano, particularmente chuvoso, talvez tenha comprado um seis ou sete guarda-chuvas, prefiro pensar em sete que é um número mais bonito. Cheguei a este inicio de Verão só com um, não comprado porque tem uma marca qualquer de cosméticos e não sei como chegou até mim, ao contrário dos comprados, não se perdeu.

Acontece que na cidade temos os nossos cafés, os nossos restaurantes, lugares a que vamos muitas vezes, são a extensão da casa pequenina em que moramos. Reparei assim que os meus chapéus de chuva repousavam perdidos nos recipientes que à entrada costumam guardá-los para nos impedir de pingar o chão todo. Pensei: aquele vermelho das flores pretas é igual ao meu que já não tenho; aquele creme com riscas é igualizinho ao meu e só o usei umas duas vezes, está novo, só pode ser o meu. Já recuperei dois, mas continuarei a pesquisa, ainda que a mesma se tivesse iniciado de modo casual.

Pensei que agora que não preciso deles é que iniciam o seu regresso às minhas mãos, mas espreitando o dia de hoje...parece que irei usar guarda chuva em pleno Verão, sejam por isso bem vindos.

~CC~


2 comentários:

  1. Eu passo o tempo à procura de tudo, mas é muito raro perder qualquer coisa. Há muitos anos, deixei um guarda-chuva esquecido numa cabine, menos de dois minutos depois já não estava lá. Aquele que para substituir esse durou 15 anos. Aquele que veio depois foi-me roubado uma semana depois. Passei a comprar guarda-chuvas baratos, como compro óculos baratos, pois estes costumo tratá-los mal.
    Parece que a chuva está de volta.
    Beijinhos

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  2. Nunca perco nada, ou quase. Por isso, quando perco, fico furiosa. E o livro, já leu? Para mim foi o livro mais reconfortante, de autor português, dos últimos anos. Só preciso salvaguardar alguns do Gonçalo M. Tavares.

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