quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Lugar de palavra



Olho para ela, é só uma delas.

Desinteressada, alheada, sempre calada.  Quantas delas passaram por aquelas cadeiras.

Agora há um lugar de palavra nas aulas. Toma o lugar quem quer e fala, conta-nos alguma coisa, o que quiser.

A morte do pai, a mãe ligada à máquina, a profunda solidão. Bati no fundo disse ela. E houve alguém que lhe entregou um papel, uma professora. Foi um passaporte para algo mudar. Hoje caminha num equilíbrio instável, baloiça o corpo para um lado e para o outro, conquista cada dia.

Estes dias têm sido tristonhos para mim. Mas hoje ao ouvi-la senti que afinal tudo ainda faz sentido. Que eu ainda faço sentido.

~CC~

8 comentários:

  1. É bom sentir que podemos ser úteis, úteis no sentido de podermos ajudar alguém a sentir-se melhor, não é?
    Nestes momentos tristonhos, temos que agarrar-nos a qualquer coisa: um amor, um amigo, um livro, um filme, uma música, um blog...
    Espero que o sol apareça por aí amanhã, nem que seja apenas um sol interior :)))

    Boa noite, ~CC~.

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    1. Ah Maria, chatices "organizacionais" às vezes, mas quem não as tem?!
      Gosto do sol interior e do exterior também, mas nem tenho desgostado da chuva.
      Beijinho
      ~CC~

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  2. Não entendi bem a história (talvez fosse mesmo o propósito), mas quando é uma professora a ajudar a mudança, gosto sempre. E é como a CC diz, parece que a vida volta a encaixar e valer a pena.

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    1. Bea, sou assim,gosto das coisas imprecisas. Sim, ela teve a ajuda de uma professora do Ensino Secundário e guarda o papelinho que ela lhe escreveu até hoje. Tenho que dizer isso aos muitos professores com os quais trabalho, pois eles às vezes andam tão "vazios".
      ~CC~

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  3. ouvir alguém com o coração , escutar a sua história e a dureza das suas circuntâncias – sem juízos, porque cada pessoa é também um segredo – é estender uma mão e acolher outra. e esse talvez seja o verdadeiro sentido da vida. como dizia Charles Péguy «quem não quer sujar as mãos com a realidade do mundo, acaba por ficar sem mãos.»

    um dia feliz, CC. :)

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    1. Que bonito Paula, é isso mesmo! Obrigada por vir.
      Dia feliz para si também.
      ~CC~

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  4. Tudo é vago e muito vário, (diz a Bea);
    e nada disso é preciso,
    se ser útil é necessário, (diz a Maria);
    meu destino não tem siso, (digo eu);
    se o que quero não tem preço,
    tudo ainda faz sentido (diz a CC).

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  5. Joaquim, agora faz versos?! Sempre muito criativo...
    Faz sentido, pois faz!
    ~CC~

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