quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Dos meus dias

 

Havia um buraco enorme na parede de um prédio onde vivia alguém. Havia tráfico de droga a céu aberto. Havia muito lixo na rua.  As mães vinham de robe e pantufas trazer as crianças pequeninas. Os jovens vinham de capuzes postos na cabeça, só tirados à porta da escola. E no entanto uma pequena luta em todos. Para uns vencer a vontade de não ir à escola, vencer a descrença na vida e na sociedade em geral, vencer aquela condição de nascer já dentro do gueto. Para outros fazer acreditar, ensinar mais do que tudo alguma esperança, uma missão também dura, um caminho a encontrar.

Há muito que não mergulhava num sítio tão escuro, ainda por cima o frio chegou.

Contudo, vou guardar pequenos apontamentos solarengos, nomeadamente aquela árvore dos sonhos.

~CC~



4 comentários:

  1. Há assim lugares de muito a ruir, sem sol. Onde também se nasce e cresce. Acredito que o mais difícil seja criar e difundir a esperança. Abençoado seja quem o faz e não desiste.

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  2. Imagino essa escola, entre outras idênticas, ficar nos lugares cimeiros do ranking das melhores escolas do país.
    Isso sim, era de todo justo, porque promover o não desistir, fazer que o abandono escolar não ganhe,... é muito mais difícil e meritório.
    Devia ser mais valorizado.

    Que diferença seria o olhar para a lista das melhores escolas, neste contexto.

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  3. Uma luta diária que alguns professores agarram e ficam e isso é admirável. Outros desistem e não se pode condená-los também, alguns não têm mesmo perfil. Mas os primeiros deveriam ser mesmo valorizados de diversas formas, sendo que a económica não é desprezível, há países que compensam o trabalho em territórios difíceis.

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