domingo, 16 de abril de 2023

Na maré

 

Já vi muitos, muitos espectáculos, de teatro, de dança, das duas coisas misturadas. 

Mas Fúria e Encantado, de Lia Rodrigues rompem com muito do que já vi, vão para além dos limites, chocam, questionam, incomodam. A nudez frontal é logo a primeira imagem que retemos e a forma como aqueles corpos nus podem simbolizar violência, choque, subjugação, opressão, são corpos dominados que se querem libertar em fúria. Mas são também corpos lindos, em festa, em encontro, em voo, em seres imaginários. São homens que são mulheres, mulheres que são homens, são seres livres, sem limites. As estudantes que levei ao primeiro espectáculo ficaram estarrecidas, incapazes de bater palmas, agarradas às cadeiras, contrastando em absoluto com a plateia, em êxtase. Também isso me causou muitas interrogações.

Os espectáculos foram feitos de forma colaborativa com os jovens da escola de dança livre da Maré, localizada na favela da Maré, no Rio de Janeiro.

Durante muito tempo ficarei presa daqueles panos que de muitas e variadas formas se enrolavam na nudez, basta tão pouco para fazer tanto.

Saber mais aqui.

~CC~


2 comentários:

  1. É bom saber do que vai existindo por esse mundo de Deus. Parece-me espectáculo que só visto lhe tomamos o pulso.

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