Tenho muitas saudades da baixa lisboeta, especialmente nesta altura do ano, em que procurava visitá-la. Não foi sempre, mas em alguns anos as iluminações de Natal foram encantadoras, sempre que se afastaram do barroco e investiram num estilo mais minimalista mas consistente, com uma coerência própria. Olho com tristeza para os enfeites de Natal das rotundas da minha cidade, estão simplesmente pavorosos.
Tenho saudades da baixa lisboeta, e já nem falo do lugar onde adolesci, a leitaria que era o ponto de encontro de todos os que vinham dos subúrbios e das várias partes da cidade e que apelidámos de Vaquinha, nunca lhe soube o nome correcto e só muito mais tarde, já na procura das memórias desse tempo, percebi que o seu nome era Camponesa. Não havia telemóveis e por isso arriscávamos, íamos sem saber se estaria por lá um de nós e quase sempre aparecia alguém, tempos que me parecem não só do século passado mas muito mais atrás.
Nos últimos anos as minhas deslocações raramente se faziam por ali, a quantidade de turistas, a crónica falta de estacionamento e até a diminuição do seu encanto próprio, em parte alimentado por ali se encontrarem as lojas que noutros sítios não existiam, foi-me afastando. Quando vi abrir as lojas das grandes cadeias de roupas, achei que o Chiado estava a morrer.
Mas este Domingo apetecia-me gastá-lo lá, percorrendo desde o Príncipe Real até à Sé, andando e andando, para chegar a casa extenuada, com dores nas pernas, poucas compras, mas os olhos cheios de Tejo.
~CC~
Também sinto saudades da baixa pombalina, do Chiado com Grandela e tudo, dos passeios - ou simples passagem - pelas ruas que agora estão desertas.
ResponderEliminarA zona do Chiado começou a definhar com o grande incêndio de 25 de Agosto de 1988. Recordo que com essa desgraça, ardeu uma área que se pode comparar a quase oito estádios de futebol, dos grandes.
Tenho para mim que o Chiado e tudo à volta jamais foi, jamais será o mesmo.
Bom domingo, saúde.
Sim, esse não volta mais - e é esse o da minha adolescência e jovem adulta. Mas a renovação nem me chocou muito, já a morte das lojinhas de bairro sim, pois essas não as havia em qualquer corredor da esquina. Eu ia lá a uma loja especializada em rosas, além de rosas, tinha chás, cremes, tudo e mais alguma coisa...fechou, muito antes desta pandemia.
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Conheço lisboa só de passagem, mas este natal vai ser diferente. é normal todos sentirmos falta de alguma coisa. eu costumava ir todos os anos num sábado de dezembro ao porto e à rua de sta catarina, comprando castanhas. este ano, está adiado.
ResponderEliminarSim, Santa Catarina é tão icónica quanto a Baixa Pombalina, sem dúvida. Também gosto muito do Porto e acho que aí as lojas típicas têm resistido mais, a ver vamos.
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O Natal é de si mesmo uma época nostálgica. Mas este Natal, pela peculiaridade que vivemos, supera qualquer outro, temos até saudade do que não julgávamos possível.
ResponderEliminarEu tenho os dois lados, um que o adora e outro que o detesta, são duas partes de mim que procuro compatibilizar:)
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Também já sinto saudades de um passeio desses, extenuante, pelas ruas de Lisboa. Neste malfadado 2020, as raras vezes que subi à capital foi só para ir a casa dos meus filhos e praticamente não saí de lá.
ResponderEliminarSim, eu fui muito afastada pela intensidade do turismo de massas, mas Lisboa é uma cidade muito bonita. Que possa voltar aos jardins e aos miradouros Luísa...e trazer-nos as suas belas fotos.
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tenho saudades de ser criança, de brincar nas bouças, de ter a certeza de que os meus pais resolveriam sempre tudo. tenho saudades das viagens sem destino. tenho saudades, em tempos mais recentes, dos círculos de partilha e que de acreditar que ali também era casa. tenho saudades da terra por asfaltar e tenho saudades do mar.
ResponderEliminarAna, saudades de sermos livres e inocentes...partilho isso consigo. E as saudades da minha infância às vezes também, dos Natais quentes com muito churrasco com piri piri:)
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