quinta-feira, 28 de abril de 2022

Rostos

 

Descubro agora como é o rosto do senhor da mercearia (olha, parece mais novo), que a empregada do café do lado sorri quando nos atende e que a cara da senhora que gere o restaurante de peixe é ainda mais carrancuda do que era de máscara.

E sei que as ruguinhas ao lado dos meus lábios os ajudarão a descobrir a minha real idade, esperando que o sorriso possa compensar alguma desilusão. Isto nos momentos em que me esqueço do perigo e enfrento o mundo tal qual ele era dantes, sem a máscara. Na verdade ainda a levo sempre comigo, pronta a usá-la em sítios em que me sinto desconfortável.

O que é bonito não é ver agora os rostos, bonito é irmos perdendo o medo e o que ele nos congelou em vida e abraços.

~CC~~


2 comentários:

  1. Mas o mundo ainda anda muito mascarado. Há medo. Ou farmácias e hospitais reproduziram-se em demasia.
    Digo que, finalmente, vimos a cara das pessoas. É agradável.

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    1. Eu ainda uso em sítios com muita gente:) Mas tiro o mais que posso e sinto nos outros a mesma vontade.

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