quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Rapar o cabelo

 

Por já ter rapado o cabelo e ter sentido a violência de (ter de) o fazer, imagino a dor misturada com revolta dessas mulheres que com as suas próprias tesouras cortam pedaço a pedaço o cabelo que não estão autorizadas a mostrar ao mundo. Que coragem a delas. 

Ainda nos querem convencer que aqueles panos que as cobrem são uma opção, que é (a) cultura. Se é cultura, cada um deveria poder optar por usar ou não usar. Um véu mal posto como passaporte para a morte em pleno século XXI, que arrepio frio me percorre a espinha.

~CC~

6 comentários:

  1. Bom, em primeiro lugar há que distinguir a sua situação da delas. Motivos de cada uma. Se tenho entendido alguma coisa do que escreve, a CC cortou - ou mandou cortar - o seu cabelo por motivo de doença, ele ia cair. Não foi bem uma opção. E digo que é bem capaz de ter sido mais doloroso.
    Se eu fosse iraniana, não me importava nada de cortar o meu cabelo - que só em casa pode ser visto - como forma de protesto contra a morte de uma mulher, contra a falta de liberdade feminina, contra a repressão que os homens do Irão exercem sobre as mulheres, sob a forma de lei. O cabelo voltará a crescer. E o motivo vale bem um corte às tesouradas, cujo não é o mesmo que rapar a cabeça ou ficar careca devido a tratamentos na luta contra o cancro ou outra doença grave de sintomatologia dolorosa.
    Elas lutam pela vida que querem e a que têm direito. Têm a força da raiva.

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  2. Apesar das diferenças, a dor pode ser muito semelhante pois apesar de terem raiva e de o fazerem por opção, não quer dizer que isso não lhes provoque sofrimento, creio que até maior que o meu que lutava contra algo que não era da ordem do humano, muito mais dor quando é o outro - um ser humano - o agente do nosso mal estar.

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  3. Há imensas diferenças dentro da semelhança que aponta e existe de facto. Chamo raiva, a CC chama dor. Pormenores que não sei se importam ao mundo em que vivem elas.

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  4. nã sinto que esteja no século XXI, ou que este século seja mais evoluído que o anterior... na verdade, tirando as proezas dos microchips, a humanidade recua rapidamente por falta de inteligência e "humanidade", se calhar por culpa desses mesmos microchips e da internet... logo, logo, voltaremos à pedra lascada e às grutas, aos grunhidos... é um passinho

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    1. Mau tempo, às vezes parecemos caminhar na corda bamba...e o vento não é bem aquele que costuma enviar:) São outros ventos, regressivos e perigosos.

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  5. sempre contra a opressão seja onde for, pode-se começar pelo irão

    mas não se esqueça que ali ao lado quem queira ser cristão pode ser decapitado em praça publica. onde os direitos das mulheres são piores que no irão

    e apesar de ser num pais do eixo do bem e por isso não vir nas noticias, essas mulheres e homens não precisam menos da nossa solidariedade e denuncia

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