quinta-feira, 27 de outubro de 2022

À tona e à toa

 

Esta sala de yoga é pequena, bem cheirosa, completamente feminina.

Oiço a professora falar sobre as deusas, os equinócios, o valor da saudação ao sol e à lua, o modo como ela põe um acento vagoroso e emocionado em cada coisa que invoca. E tenho vergonha da minha infinita descrença, de estar ali tão só e apenas para sentir partes do meu corpo que já me esqueci que existiam. Por isso sou apenas uma aluna medíocre, ontem mesmo, incapaz de me concentrar como devia, troquei várias vezes a direita e a esquerda, virando ao contrário do que toda a gente virava. Apeteceu-me, pela primeira vez, desistir. Contudo, não o farei. Incapaz de ir ao fundo de um fundo de que não conheço, tentarei nadar à tona, respirando e sobrevivendo.

~CC~


3 comentários:

  1. Parece uma boa medida. Também respeito, mas sou descrente. Além disso julgo o yoga difícil e nem por sombras me aproximo dos bons alunos. Nada disso me fez desistir, mas a prof arrumou as botas.
    Mas olhe a CC que o meu prof de manutenção sempre disse que o importante é fazer, se trocar a direita pela esquerda não há perigo, os dois lados do corpo têm de trabalhar, é indiferente por qual comece.

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    1. Às vezes atrapalha essa troca, quer por não ir a tempo de trocar os lados, quer por distrair as colegas do lado:)

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  2. ehehehehehe, compreendo perfeitamente essa troca e esse nadar à tona, desconfio que sofro de um mal qualquer de não conseguir reproduzir o que vejo :) mas é isso, o importante é insistir

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