Em qualquer lugar, a qualquer hora, espreita o mal.
Fila do supermercado, não muito extensa.
Vejo-os passar por mim e noto-os mais porque são vários, um homem, duas mulheres, algumas crianças. E tão pouca coisa que levam. Mas sim, passam à frente na fila. Primeiro reparo nas crianças, são pequenas, nenhuma de colo. E reparo na mulher, sim, justificado.
E como todas as pessoas cobardes, só depois deles terem saído, a senhora, que parecia tão simples, tão calma se me dirige: inacreditável, como nos passaram à frente?! E eu: mas a senhora não viu? A mulher estava grávida, a barriga já era bem visível...e logo a funcionária da Caixa: eu também vi, se não, não deixava, não tenho medo deles...
A hostilidade das duas era mais que evidente, com ambas a dizer que podiam ter dito, podiam ter pedido, mas são ciganos e acham que podem fazer tudo.
Ora eu nunca vi uma grávida ou uma mãe com criança de colo numa fila perguntar se podia passar à frente, não pede pois está no uso de um direito que lhe assiste e é algo visível.
Nestas situações percebemos tão bem como a terra está tão preparada para receber a semente do ódio, tão pouco preparada para o seu inverso.
~CC~
Verdade! Está tão fácil fomentar o ódio, neste mundo. O que mais me entristece é que é sempre contra os mais desfavorecidos: ciganos, emigrantes… nunca contra estrangeiros que dão cabo da costa alentejana, nem contra quem explora emigrantes com baixos salários ou grandes indignações sobre um genocídio, que assistimos nestes nossos tempos. Bater em quem não tem voz, sempre foi mais fácil
ResponderEliminarNunca viu uma mãe com criança pequena ou uma grávida pedir licença para passar à frente?! Nunca viu um velho de canadianas em espera na fila?! Tem certeza? O mundo em que habito é o da grávida a pedir licença (se pede). O das meninas da caixa ignorando a prioridade. Aquele em que têm de ser as pessoas que estão à frente ou atrás a empurrar e dar vez para que exerçam os seus direitos. Os nossos ciganos sim, passam à frente com a criançada se lhes apetece - há vezes em que esperam na fila como os demais. Pode acontecer, mas nunca ouvi queixas sobre tal assunto.
ResponderEliminarBoa noite, CC
O mundo da delicadeza só resiste numa canção que vi e ouvi a Chico Buarque.