quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Crónicas de Verão (VII)



Estou a lutar para manter o Verão dentro de mim. Não está fácil. Nos momentos mais intensos de trabalho passo a língua pelos lábios e tento que me saiba a sal.

~CC~

15 comentários:

  1. "É, na nossa vida, completamente desnecessário ter qualquer proximidade com o mar, mas a sua simples visão provoca alterações profundas na alma."

    ~CC~, penso que estas palavras do Afonso Cruz ficam bem aqui.
    Estão na página 89 do livro MAR (Alfaguara, 2014).
    Beijinho



    ResponderEliminar
  2. O verão dentro de nós. Há coisas na vida que nos instauram um verão até em pleno inverno. Mas um sabor a sal, só me lembra a canção de Calvário. As lágrimas são salgadas. O que me lembra uma das coisas que apreciei na exposição sobre a arte islâmica que Gulbenkian coleccionou: um lagrimário, vidro decorativo de forma muito sui generis para onde, diz-se, choravam as mulheres que tinham os maridos na guerra. Achei extremamente difícil acertar lágrimas com lagrimário (talvez seja antes lacrimário). Mas a ideia de conservar as pérolas do desgosto, tem beleza. A representação das corças no fundo dos pratos também é uma história bonita. Mas fica para outro dia.
    Parece-me que o gosto a mar é no mar que se tem. O resto é imitação:) pechisbeque.
    Boa noite, CC.

    ResponderEliminar
  3. Laura, imagino-a:)
    Isabel, às vezes consigo, mas nem sempre...
    Maria, o mar é o meu anti-depressivo favorito!
    Ah Bea, o sabor a mar pode prolongar-se em nós sim, este ano a água estava especialmente salgada e esse sal não é nada igual ao sabor a sal das lágrimas, são salgados opostos.
    ~CC~

    ResponderEliminar
  4. Anualmente, encontro a água do mar mais salgada:). É claro que não são iguais, mas "ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal". O meu défice de mar este ano atingiu picos nunca sentidos. Talvez as próximas semanas, ou mesmo Outubro, permitam algumas visitas que diminuam o défice. Discordo em grande parte de Afonso Cruz.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E a culpa é minha, bea, que pus apenas um extracto de uma história maior :)
      As pessoas não necessitam de água salgada para sobreviver, mas sim de água doce (rios, lagos, nascentes, etc.) e muitas morrem sem nunca ver o MAR, umas porque não podem, outras porque não querem.
      Um octogenário, embora vivendo perto do mar nunca tinha querido vê-lo, então o Afonso conta:

      "Levei o homem, apesar da sua resistência, a ver o mar. Jamais esquecerei a cara dele, os olhos, a boca, as mãos, quando a paisagem marítima lhe bateu no rosto. Amparei-o nos meus braços enquanto ele tentava dizer alguma coisa, enquanto a sua boca abria e fechava com a língua emaranhada, os olhos encardidos de horizonte."

      E depois vem a frase que eu pus; e o texto continua...

      E eu cada vez gosto mais do Afonso Cruz, ele escreve coisas que me tocam fundo... mas nem todos gostamos do mesmo ;)

      Sorry ~CC~ pelo tamanho do comentário.
      Bom fds para as duas.
      ⚘⚘
      Maria (que está aqui a entristecer, não com alta de ar, mas de mar...)
      🐳


      Eliminar
    2. ... não com falta de ar, mas de mar (salgado e com muitas ondas).
      🐳


      Eliminar
    3. Já que a Maria gosta de Afonso Cruz, pergunto-lhe se já leu "Para onde vão os guarda chuva" e se gostou. BFS

      Eliminar
    4. Maria (das estevas, flor que adoro)...muitas ondas? Isso é que já é pior, mas por aqui pode escolher o Meco.
      Joaquim, não sei a a Maria leu, ela dirá, mas eu li e gostei. E o bocadinho que a Maria colocou aqui é mesmo muito bonito, sobretudo agora mais completo.
      ~CC~

      Eliminar
    5. Também adoro estevas, ~CC~, sempre que vinha cá de férias tirava fotos de e junto às estevas. E gosto do nome que me deu :)
      Nasci em Lisboa e vivi lá até aos 29; com os meus pais ia para Carcavelos, Guincho, Adraga, Ericeira, mas também para o Portinho da Arrábida, Sesimbra ou Galapos.
      Mais tarde, com os amigos, ia sempre para as praias entre a Caparica e a Fonte da Telha (havia um comboiozinho que deslizava pelas dunas: uma maravilha) e aí aprendi a furar as ondas, que por vezes eram assustadoras.
      Mas sou Maria de todos os mares e gosto de água fria brrr ;)
      Mais tarde, em Sines, onde vivi 10 anos, as minhas amigas de Angola e Moçambique não conseguiam entrar nas águas de Porto Covo ou de Milfontes, achavam-nas geladas, só molhavam os pézinhos... Então quem tomava conta de toda aquela criançada que só queria andar a brincar na água?
      A Maria :)))

      Afonso Cruz: Li, sim, Joaquim, e gostei muito. Também li o Flores e o Mar.
      E em Novembro/18 (como o tempo passa!) comprei o "Princípio de Karenina" que adorei; lembro-me de parar várias vezes e ficar perdida em pensamentos acerca de certas frases acabadas de ler.
      E quando isso me acontece só me apetece ir ler tudo desse autor...
      FDS Feliz!
      ⚘⚘

      Eliminar
  5. Esporadicamente também passo a língua pelos lábios e não é à vista de comida deliciosa. Invariavelmente sabe-me a sal.
    PS: a propósito de comida, ouvi falar do "De pedra e sal", na sua urbe. Recomenda?

    ResponderEliminar
  6. Junho e Setembro é onde se está melhor junto ao mar, pelo que ainda vai (vem) a tempo Bea. Há que colmatar esse défice (que eu, imagine-se, já começo a sentir após uma semana inteira sem lá ir).
    Joaquim, sabe que como pessoa da terra não frequento tais lugares, sei onde é e até já me falaram bem, mas os meus lugares são outros.
    ~CC~

    ResponderEliminar
  7. Rhinomer também tem gosto a sal. É mesmo água salgada. Paga a bom preço. Mas não é a mesma coisa:)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Oh Bea, do que se foi lembrar...os miúdos detestam isso, já de um pirolito nunca se queixam:)
      ~CC~

      Eliminar
  8. Não é que me lembre, não me posso é esquecer:).

    ResponderEliminar

Passagens