quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Fecho os olhos...

 

Este silêncio.

Já não me lembrava de como era a casa vazia e eu a vaguear dentro dela como num naufrágio.

Lá no outro lugar há sempre vozes, televisão ligada, apontamentos de viola ou de piano e, sobretudo, aquelas pequenas cantorias do miúdo pequeno.

Até a cidade lá fora está calada.

Fecho os olhos, tento recordar-me que mês é, que dia, que hora.

~CC~

7 comentários:

  1. Sinto o mesmo. De repente, o mundo ficou reduzido ao número de assoalhadas.Vai-me valendo o pequeno jardim.

    Boa tarde :)

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    1. O que eu sonho com isso: um pequeno jardim:) Aproveite-o bem!
      Resto de boa semana
      ~CC~

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  2. É verdade, já não se sabe às quantas se anda... já não há calendário, bússola ou mapa que nos valham.
    Estes tempos de isolamento e angústia, levam-me a procurar alguma convivência em duas ou três janelas da blogosfera - uma das quais é sua - faz-me bem, vocês fazem-me bem, é um hábito regular, saudável, mas acima de tudo é um ponto de encontro para se dizer olá e algumas coisas mais.
    A Bea, que nos acostumou a escrever bem e a pensar melhor, aqui neste blog da CC, na sua entrada do dia 6 de Fevereiro, sentenciou:
    "Mal comparado (a blogosfera), é um bocadinho como andar pela rua e metermos dois dedos de conversa com gente quem podemos até chegar a concluir que, quem sabe, daria uma boa amizade. Mas não há a circunstância. Fica o trivial: a conversa de rua nos comentários, o bom dia e boa tarde, os desejos de melhoras, os sorrisos sem expressão".
    Contudo, penso que a Bea nesta sua asserção pecou por defeito. Enquanto transeunte, não me abro ao próximo como aqui me mostro. Na rua é certo que me vêem o rosto... mas não me conseguem auscultar a alma.
    Por isso, quero agradecer-vos por quase diariamente me fazerem companhia, alimentando a conversa com temas mais tentadores, menos tentadores, mas sempre interessantes.
    Eu, que dizem ter grande imaginação e que invento histórias de um fundo quase inesgotável, sinto que há muito esse fundo se esgotou. Compreende agora porque não tenho blog CC?
    Obrigado.
    Que os astros e os deuses vos protejam!

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    1. Joaquim
      Talvez tenha razão, por vezes, com algumas pessoas, a conversa é mais extensa, e de índole diversa à da gente que se cruza diariamente connosco.
      Pode que lhe volte o ímpeto das histórias, quando passe esta época macabra. Há coisas que valem a pena e outras que perdem sentido. A ficção não depende tanto do querer.
      Boa noite.
      Isso, que os astros e os deuses nos protejam.

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    2. Eu acho que se criam mesmo amizades por aqui se entendermos que amizade é atenção, escuta, carinho, nesse sentido vou ainda mais longe do que o Joaquim e a Bea. Mas só acontece quando há interacção, não apenas quando alguém nos lê ou passa só por aqui. Nesse sentido, obrigada a ambos:)
      ~CC~

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  3. CC
    Os dias de Fevereiro, já o disse hoje noutro blogue, são lentos e invernosos. É assim mesmo. E a casa de certeza a recebe com agrado, as casas aborrecem o estar fechadas, não foram feitas para janelas sem luz e portas onde a chave não faz o seu serviço. Verá que, depois de umas horas, se apossa dela e a sente de outra forma. Com um chá sobre a mesa, uma lareira ou fonte de calor, um livro...sei lá.
    Gosto de ter a casa só para mim, o que, nos tempos que correm, raro acontece. Gosto do sem ruído do pequeno almoço quando ela é apenas minha e, ritualmente, abro a porta e espreito o céu, olho o dia antes do sol. Não há naufrágio em ir de uma sala a outra, a minha casa é viva e sentimo-nos. Somos duas comadres velhas com muita recordação comum. O silêncio dela é pacífico.
    Boa noite

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    1. Eu só estranho quando mudo de repente, a meio de um dia, parece que vivo vidas duplas:) Mas também aprecio muito a calma, o silêncio e estar comigo própria.
      ~CC~

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