segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Call Center

 

O último contacto que ligou por parte do banco perguntou-me se eu tinha sonhos e queria concretizá-los. Não é uma forma original de perguntar se preciso de um empréstimo bancário?! Como eu lhe respondi se queria falar de sonhos ou de dinheiro e ele respondeu que estavam ligados, retorquindo eu que não necessariamente, ficámos para ali a falar. 

A moça que ligou esta Sexta indagou se tinha muitos espelhos em casa. Espelhos? A que propósito combinam com uma rede de Internet em permanente baixa? Combinam sim, disse ela, mas as pessoas não sabem. Tinha um sotaque do Norte que achei particularmente engraçado, gosto de sotaques, mostra-me que o país é maior que o meu quintal. Concordou que tendo apenas dois espelhos em casa não devia ser esse o motivo. Ficámos quase amigas.

Assim sendo, desisti de os colocar na lista vermelha dos "não atender". Além de que como tenho visão telefónica, vejo os cubículos dos quais eles ligam por um ordenado por certo baixo, pressionados pelo que nos têm que vender. Embora nessa última parte eu não possa ajudar muito.

~CC~


6 comentários:

  1. Não tenho assim muita paciência para publicidade(vendas) telefónica. Devia haver um aviso parecido com aquele autocolante que se põe nas caixas do correio, de "aqui não". Mas, de facto, há esse lado que a CC menciona no ultimo parágrafo, e nem sempre pensamos nessas pessoas e nas suas vidas.

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    1. Também não sou santa, às vezes desligo...mas outras vezes, penso primeiro neles/as. Enfim, quando é que percebem que estas coisas não resultam?! O problema são os empregos.
      ~CC~

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  2. Por muito que a chateei, CC, a parte em que não colabora é mesmo a que mais lhes interessa. Fazer contactos não lhes dá nada. Zero. E eles precisam viver. Ou não teriam ido parar ao call center. Tenho muita pena deles e esses empregadores deviam era ir plantar batatas. Só para experimentarem. Ou então provarem do seu próprio veneno, ganharem à peça como eles.
    Mas, como a Luísa - ou mais que ela porque detesto falar ao telefone -, não tenho pachorra para os aturar. Dou a mão à palmatória.

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    1. Olhe que não Bea, às vezes eles só querem que não lhes desliguemos o telefone na cara ou que sejamos, pelo menos, educados. Tento não pensar nas empresas que estão por trás, somente neles. Talvez porque me lembre sempre da "menina" que em tempos tinha um blogue "Call Center" e que nos dava a perspectiva de quem está do lado de lá.
      ~CC~

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  3. Gostei muito do que conta e como conta, porque sou péssima e antipática nisto de responder a perguntas para, no final, me tentarem vender um produto. Ainda hoje me ligaram, fazendo perguntas sobre o meu consumo de água. O objetivo era vender filtros.
    Às vezes penso no calvário que é a vida dessas pessoas que têm esse tipo de trabalho.
    Pode ser que, daqui para a frente, pelo menos não corte logo rente o possível diálogo, como tantas vezes faço: desculpe, neste momento não posso atender!
    E às vezes até podia!

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    1. Oh Dolores, quem já não fez o mesmo?! Ensinam-nos a ser máquinas de vendas, talvez nós possamos devolver em humanidade:)
      ~CC~

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