quinta-feira, 7 de maio de 2020

Uma cidade tendencialmente feliz



Vivo numa cidade tendencialmente feliz, não obstante a comunicação social a escolher em função das tragédias. Deve ser por ter um rio mais azul que todas as outras que têm rios azuis.

Por todo o lado espreitam pequenas festas, quase sempre de jovens ou homens adultos, quase sempre há cervejas. Foram muitos os instantâneos que captei nas duas semanas de caminhadas a tentar apanhar crepúsculos. Ontem havia uma festa de adolescentes com máscaras, tão engraçados, mas dois não aguentaram e já as usavam no pescoço.

As mulheres são mais comedidas, caminham em grupos de duas ou três. Se forem adolescentes encavalitam-se num banco com as cabeças nos joelhos umas das outras, ou noutra qualquer pose escultórica. Às aulas não querem voltar, isso era um mundo que ficou lá atrás.

Terão que guardar as praias com GNR montados a cavalo. Se até ontem eu própria ultrapassei uma barreira para entrar no parque, pareceu-me estúpido, os cabeleireiros abertos e o parque fechado. Há aqui um certo vírus de desobediência, de rebeldia, para além do outro. 

Há dois meses que não vou ao supermercado, irei hoje, provavelmente os dois metros serão tão mal medidos como da última vez, não sei se esta característica é por a cidade ser tendencialmente feliz ou ter problemas de Matemática.

~CC~

18 comentários:

  1. Dois meses? Imagino a sua elegância...
    Não sei se a cidade é feliz, mas sei que faz feliz quem lá vai, o que não é a mesma coisa. Mas como para tudo, tem de haver uma predisposição e sinto-a em si. Estou enganado?

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  2. Hoje de manhã fui ao supermercado e, lá dentro, as pessoas andavam a circular normalmente, quase se "roçando" umas nas outras. É assim o povo, lol
    .
    Cumprimentos poéticos
    Proteja-se

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  3. Não julgo a minha cidade com o termo feliz; e reconheço que hoje lhe falta naturalidade. Todas as semanas vou ao super. Não sei se a distância entre clientes é de dois metros, a dos empregados que repõem stock não é de certeza, passam rentes a nós com aqueles suportes de rodinhas carregadíssimos de mercadoria. Mas eles têm máscara, nós também; não encontrei uma única pessoa sem máscara. Uma tristeza.

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    1. Bea, acho que já não se pode mesmo entram "sem".
      Que cidade é a sua? Se se pode saber...é que a imaginava em pleno meio rural.
      ~CC~

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    2. Se fosse possível apostar, o meu palpite ia para uma terra com cinco ós!! :)

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    3. Eu aposto numa com dois vês e um ó.
      🌻

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    4. Vila Viçosa? (acho um nome tão bonitinho)

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    5. Ah, ah...tudo no frio aposto:)
      Eu aposto em Montemor! Mas é só por gostar muito do lugar...
      ~CC~

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    6. Olhe que não, ~CC~, olhe que não :) a Bea comentou uma vez um programa cultural que fez na sua (dela) cidade... e era Vendas Novas :)) só podia ser Vendas Novas.
      Mas achei engraçado ela falar em Vila Viçosa, que por acaso também tem dois vês e um ó.
      🌻

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    7. e se eu for de Vila Viçosa que tem o cemitério ao lado da igreja de Nossa Senhora da Conceição e a primeira lápide que se vê é a de Florbela Espanca.
      Mas não sou de Vila Viçosa:).
      E como é que a menina Maria adivinhou? Não é coisa que se adivinhe no que escrevo.

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    8. Não adivinhei, mas vi na Bertrand o livro de que a Bea falou e vi o nome da terra. Apenas confirmei que o filme que viu a seguir passou na biblioteca nesse dia.
      E fiquei a saber: as simple as that.
      Antes, imaginava-a mais a sul, mais longe de Lisboa; afinal está muito perto da ~CC~ :)
      Nunca comentei com ninguém, nem andei à procura, simplesmente aconteceu.
      🌻

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    9. Bolas:). Ok. Está explicado.

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  4. Como é que se consegue não ir ao supermercado durante dois meses? Quero a receita. :)

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  5. A receita é simples: ter uma filha que vai por nós:)
    Afinal, quantos anos não fiz o mesmo por ela?!
    ~CC~

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  6. Ah, e Montemor não vale, já foi apostado: é o dos cinco ós ;)
    Montemor-o-Novo, penso eu de que...
    🌻

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