quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Este dia que acordou cinzento

 

O dia está cinzento e isso diz quase tudo sobre as sombras que caminham dentro de mim na memória do dia em que te despediste, faz agora dois anos. Sei bem que tinha chegado a hora, que querias ir, tanto quanto eu o desejarei quando o meu espaço de vida for uma cama. Queria, contudo, que tivesses sofrido menos e também que eu própria tivesse sofrido menos. A solidão que vivi nos teus últimos anos, um buraco que se foi cavando no interior de uma rede de proximidade que se esvaziava e se distanciava, é talvez o que mais me marcou. 

Ainda assim esforço-me por te recordar alegre como te vi em certos momentos, trazendo mais esperança para romper estas nuvens, nem que seja com chuva, a água tudo lava e as lágrimas também nos limpam.

~CC~


3 comentários:

  1. E depois de lágrimas vertidas CC, contemple a maravilha que é a existência e alegre-se por ser capaz de o fazer, mesmo na solidão.
    Um abraço.

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  2. Ninguém está preparado!
    A viagem que não tem volta é muito triste e sofrida.
    Mas vamos vivendo com a saudade porque essa fica para sempre.
    Deixo um beijo.
    :(

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  3. "Queria, contudo, que tivesses sofrido menos e também que eu própria tivesse sofrido menos." Como me é fácil esta afirmação que entendo nas palavras, nos espaços entre elas, na pontuação, no que não está expresso mas existe na mesma...tudo.
    Tempo impregnado de melancólica tristeza. Acontece. Julgo até que desmerecíamos quem os motiva se acaso lhes retirássemos a força de existir. É gastá-los, deixá-los actuar. E poderemos viver outros. De outra ou da mesma natureza, talvez não mandemos nisso.
    Um abraço com ternura dentro, CC.

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