segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Não posso mais perder-me de mim

 

Os hábitos dos mais próximos conheci-os bem, eram também os meus,

Mas em conversa com amigo recente, ele contou-me como os seus sábados de manhã eram passados a ler o jornal grande no café, numa rotina imprescindível e amada. Foram anos e anos a fio, era comum ver os cafés cheios de gente a ler jornais. Como acabou? Há quanto tempo? Porquê? Foi o jornal que se tornou desinteressante, o nosso tempo de leitura que se afogou nos mil e um afazeres ou o dinheiro que foi minguando? 

Partilhámos o mesmo processo, primeiro tornou-se semana sim, semana não, depois cada vez mais não, até que desapareceu. Como é que alguma coisa que tanto gostámos e valorizámos se torna dispensável? Ele diz que ainda passou pela fase digital, eu nem sequer isso.

Finalmente, depois de alguma subjugação às mil e uma leituras possíveis num telemóvel, acompanhada de um tempo cada vez menor na esplanada, substituí o jornal pelo livro do mês. Tem sido bom voltar a ler com dedos no papel e cheiro de café. 

Não posso mais perder-me de mim.

~CC~

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