segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Não posso mais perder-me de mim

 

Os hábitos dos mais próximos conheci-os bem, eram também os meus,

Mas em conversa com amigo recente, ele contou-me como os seus sábados de manhã eram passados a ler o jornal grande no café, numa rotina imprescindível e amada. Foram anos e anos a fio, era comum ver os cafés cheios de gente a ler jornais. Como acabou? Há quanto tempo? Porquê? Foi o jornal que se tornou desinteressante, o nosso tempo de leitura que se afogou nos mil e um afazeres ou o dinheiro que foi minguando? 

Partilhámos o mesmo processo, primeiro tornou-se semana sim, semana não, depois cada vez mais não, até que desapareceu. Como é que alguma coisa que tanto gostámos e valorizámos se torna dispensável? Ele diz que ainda passou pela fase digital, eu nem sequer isso.

Finalmente, depois de alguma subjugação às mil e uma leituras possíveis num telemóvel, acompanhada de um tempo cada vez menor na esplanada, substituí o jornal pelo livro do mês. Tem sido bom voltar a ler com dedos no papel e cheiro de café. 

Não posso mais perder-me de mim.

~CC~

10 comentários:

  1. Parece-me haver mais do que uma razão CC.
    O preço do jornal encareceu muito, a sociedade é cada vez mais informada e informatizada, para além das televisões com vários canais de notícias, as notícias aparecem nos telemóveis, tablets e portáteis em formato digital e as aplicações são aos milhares.
    Penso que a dificuldade está na escolha, por exemplo as TVs têm mais de cem canais e eu acabo por ver sempre os mesmos. Deve haver imensos canais interessantes que perco por causa do hábito adquirido.
    Graças a Deus (também) vou sempre lendo, para isso é que o tempo tem de dar.
    Boa noite.

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    1. Sim, há múltiplas razões, ainda assim, tenho pena da morte do jornal "sério" em papel, parece que há um de sangue, suor e lágrimas (e o seu qb de mentiras) que continua de vento em popa. Bom dia Joaquim e que nunca deixe de ler, está fora da mira das minhas esplanadas, nelas é muito raro encontrar um homem a ler.

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  2. Poucos jornais li na vida. Comprei há muito ano "O Sete", depois o "Jornal de Letras"; depois um ou outro "Expresso" ou mesmo o "Público" quando sabia de reportagens ou artigos que me interessavam. Lia-os aos bocados durante a semana.
    Também não leio livros do mês. Leio. Vou sempre lendo e dá-me segurança saber que tenho ainda este ou aquele livro por ler. A leitura digital não me seduz. E sou grata a filhos e amigos que me oferecem livros no Natal e aniversário, o livro físico faz-me falta. Leio como sempre estudei: em silêncio e a absorver.

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    1. Li todos esses também e o Sete não perdia, creio que haveria hoje lugar para ele. Tenho muito pouco tempo, trabalho ainda muito e se não tiver uma disciplina, não leio. Além disso o livro do mês é uma forma de não deixar morrer a livraria mais bonita da cidade, de a cuidar e a apoiar, já que na essência também sou indisciplinada. Boas leituras Bea!

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  3. Hábitos antigos. O futuro dos jornais está comprometido e os cafés não querem pessoas a estacionar nas mesas.
    Um abraço.

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    1. Pois não querem...pelo menos a maioria, nisso, como noutras coisas, escolho minorias:)

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  4. CC, deixei de ler o jornal grande, mas não larguei o meu sábado de manhã, com café e barulho de conversas.
    Nem pensar perder isto, entendo bem a preocupação da comunidade estar a perder este valor

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    1. Já nem sei quantos cafés bonitos e icónicos vi morrer nas cidades, primeiro foram substituídos por bancos, depois fast food e agora nem sei...eu até gosto mais do café de casa mas nada substitui as aprendizagens trazidas das mesas do lado:)

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  5. A recusa em abrir mão da própria identidade indica um movimento de afirmação: reconhecer limites, priorizar o próprio eu e evitar a diluição de quem se é. Pode sugerir uma rejeição de influências externas que tentam apagar traços pessoais, bem como um compromisso consigo mesmo de manter integridade e autonomia.

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    1. Verdade, faço compromissos comigo mesmo como forma de manter o que quero mesmo que fique.

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