A magnólia já não tinha flores. Já não há rosas de campo, as rosas albardeiras, apenas as de jardim, uma delas de um vermelho escuro, a minha cor preferida para rosas. Fui rever os caminhos molhados de onde voltava com os ténis cheios de terra, no tempo do grande silêncio, em que quase só se ouvia o latir dos cães. Agora estão secos, há mais ruído, um pouco mais de gente. Ouvi dizer que os turistas tinham aos poucos regressado.
As duas árvores de fruto do quintal estão cheias, as ameixas já as colhemos, as maçãs precisam de mais tempo. Deixei umas sementes na terra e algumas cresceram, uma abóbora, dois pés de milho e umas plantas que não sabemos reconhecer. Agora deixei lá um abacate, às vezes, com sorte, nascem. Já não fugimos da chuva, agora, há grelhados no carvão no quintal. Tentamos, sem êxito, dominar as moscas que chegam atraídas pelo cheiro.
Quando nos emprestam uma aldeia e lá vivemos um mês, quando isso acontece em tempos difíceis, quando é lá que aprendemos a fazer bem pão e ainda temos a marca da queimadura que aconteceu nessa interacção com o forno intensamente quente, quando aprendemos como é amarela a gema do ovo comprada na pequena mercearia e são bons os seus biscoitos com sabor a limão, mas, e sobretudo, quando quem nos acolhe tem sempre tempo para nós, há que voltar, mesmo que para visitas mais breves. Há coisas que agradeceremos sempre, uma e outra vez, por se repetirem do mesmo modo.
~CC~