Gosto das teorias de café. Quando alguém decide que tem algo fantástico para explicar aos outros. Ultimamente já não há muito quem o faça. Antes das influencers, dos livros de auto-ajuda e do comentador especialista ou tudólogo eram estas as filosofias que tínhamos disponíveis para nos apoiar a destrinçar as coisas importantes da vida. O meu pai terá sido certamente um deles, lembro-me de o ver muitas vezes rodeado de pessoas.
Vejamos, como diz o senhor, porque se joga tão mau futebol hoje em dia. Alguma vez se conquistou qualidade sem quantidade? É a pergunta que ele deixa no ar. Os bons teóricos de café fazem perguntas antes de darem a resposta. Ninguém ousa responder, pelo contrário, ficam naquele silêncio de espera. O que fazem hoje as crianças quando o professor falta? Dantes (no seu tempo) a primeira coisa que se procurava era uma bola, agora é um telemóvel. Se não se pratica, como podem despertar talentos?
Embora não seja capaz de ajuizar a relação de causa-efeito estabelecida dada a minha diminuta atenção ao desporto em causa, algo ecoou em mim. Às vezes penso porque tenho tanta necessidade de voltar à Africa, esse apelo. Uma das razões são as crianças, não apenas por serem muitas, andarem em bandos em completa autonomia mas também pelo modo como brincam, pela alegria que nisso depositam. Como dizia o filósofo do café deste sábado, neste país, com tanta coisa bonita, ainda com fraldas já os pais usaram o ecrã do Telemóvel ou do Tablet como se de um brinquedo se tratasse. Contudo, a minha preocupação não incide como a dele na qualidade do futebol, antes na qualidade de outras coisas, nomeadamente na capacidade de entrar em relação.
~CC~