É tão estranho ver as mesmas reivindicações sobre o ambiente em que eu militava quando eu era jovem, as mesmas palavras de ordem, a mesma indignação. Pouco mudou realmente. A única coisa distinta é que hoje há separação de lixos, mesmo assim pouco sabemos sobre a eficácia da medida em termos de protecção e defesa do ambiente. Também inventaram mais energias renováveis, mas estas são rapidamente denegredidas antes de ser afirmarem como alternativa coerente e consistente ou são inacessíveis ao ordenado do cidadão médio. São obscuros os meandros da ciência e das soluções.
Entre o vulgar cidadão e os grandes grupos que lucram com a economia do petróleo há um traço comum. Eles acreditam que não vão voltar a este planeta, por isso o que lhes interessa é viver o presente, no caso dos primeiros com o máximo conforto, no caso dos segundos com o lucro máximo . As pessoas não se importam com o futuro porque o futuro é uma coisa longícua, para gerações que não conhecerão. O futuro que se desenrasque a si próprio. Para eles a crise climática é sempre para um tempo algures ou uma invenção de almas pessimistas. Recusam-se a ver os fenómenos que já estão a acontecer como provocados pela mão humana sobre o ecossistema terrestre. Talvez se os convencêssemos que afinal há mesmo reencarnação e voltarão para viver num sitio maldito, escuro, feio, sem água, onde o dinheiro de nada valerá. Eu que sempre achei que a vida acaba com a morte do corpo, dou por mim a pensar em pedagogias estranhas pró ambiente como convencer as pessoas que não há vida para além da morte e, se houver, é para voltarem aqui e passarem as passas do Algarve, que também elas habitarão esse futuro negro já que com os seus netos pouco parecem importar-se.
Já agora, tantos anos depois, como é que um director de uma faculdade chama a polícia?
~CC~