Tenho alunos que me inspiram cuidados do ponto de vista psicológico, antes era raro passar por aqui alguém que tivesse problemas sérios de depressão ou quadros complexos de debilidade a nível da saúde mental. Lembro-me - em dez anos que já lá vão- de apenas dois casos que acompanhei de perto, duas raparigas. Uma apoiei de muito perto e terminou o curso, gostei sempre muito dela embora me custasse compreender como é que alguém tão belo e tão competente revelava uma tremenda insegurança. E não queria escavar muito na infância dela, não me competia, só queria ajudá-la a rir um bocadinho e a acreditar mais nela. Sei que vive em Inglaterra e está bem, continuo a pensar nela como a minha A (esta coisa de os sentir meus vem dos meus tempos iniciais de professora do 1º ciclo...ou de outra coisa qualquer...). A outra desistiu do curso mas voltou há pouco tempo atrás e bem melhor, menos zangada.
Nestes últimos anos estes casos têm sido mais e mais, não apenas sintomas depressivos, coisa que todos podemos ter. Casos aparentemente de psicose, com muita agressividade à mistura, quer dirigida a professores, quer a colegas. Sinto uma enorme ambiguidade face aos mesmos e sou por vezes muito pressionada para os excluir. Alguns deles têm até apoio psiquiátrico e apresentam atestado comprovativo mas isso não lhes chega para enfrentar o que o mundo deles exige.
Eles estão à beira do precipício mas é assim que também me sinto muitas vezes quando penso como ajudá-los e se devo ajudá-los de facto. Há um lado que me diz que ainda assim estão melhor aqui porque estão a tentar fazer alguma coisa da vida deles, outro que me diz que talvez não seja aqui o seu lugar, nomeadamente porque a opção de curso que escolheram envolve relações humanas, ou seja, aquilo que é neles o seu ponto mais fraco.
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Quando penso neles, sinto-me à procura do Norte e que o faço muitas vezes sozinha.
~CC~
É assim também que eu me sinto muitas vezes em relação àqueles com os quais tenho de lidar diariamente.
ResponderEliminarUm abraço. :)