O tempo passou e não trouxe para as palavras os músicos que desde 1987 não se reuniam e voltaram a tocar no sábado, depois de seis meses de ensaios.
O tempo passou e não trouxe para as palavras a restauração revolucionária que fazemos aos afectos no lugar da Igrejinha, num Alentejo de sol e frio.
O tempo foge das coisas importantes para nos aprisionar no jugo profissional que tudo devora como se fosse o mais importante. Vejo-te no computador, vejo-me no computador, do outro lado estão os nossos alunos. E tudo o que eu queria com eles, para eles, seria podê-los fazer entrar nessa maravilha que é a reunião dos músicos velhos e dos doutorados com costela hippie. Não se trata de fazê-los entrar nas nossas vidas mas de lhes mostrar que têm que se entregar à vida. E a vida só é boa quando se constroem nela momentos felizes que da felicidade eu fujo, é um estado em que não acredito.
Os músicos velhos deixaram as vozes límpidas de outrora e agora tocam instrumentos com rugas, riem-se dos erros tanto como se zangam com eles e ficam engraçados no limbo em que renasceram como amadores profissionais. Viajam pelo país na esteira das recolhas populares de um povo que não temos certeza que ainda exista e cante. Sabemos agora mais do seu choro, do seu lamento.
Os doutorados que se encontraram quando ainda não o eram e partilhavam um terreno sofisticadamente académico e avesso a abraços, parecem agora uns miúdos, atropelam-se para falar, argumentam alto demais, deliciam-se com a comida, plantam-se à lareira e trocam folhas de cancioneiro para cantar e bailar.
Já alguma vez deixei aqui o meu manifesto sobre as coisas híbridas? Sim, gosto delas. Gosto tanto delas. Tudo o que é demasiado certo, arrumado e equilibrado me desapaixona. E estou em desarrumação constante, sempre à procura de alguma coisa mais.
~CC~
Os músicos velhos deixaram as vozes límpidas de outrora e agora tocam instrumentos com rugas, riem-se dos erros tanto como se zangam com eles e ficam engraçados no limbo em que renasceram como amadores profissionais. Viajam pelo país na esteira das recolhas populares de um povo que não temos certeza que ainda exista e cante. Sabemos agora mais do seu choro, do seu lamento.
Os doutorados que se encontraram quando ainda não o eram e partilhavam um terreno sofisticadamente académico e avesso a abraços, parecem agora uns miúdos, atropelam-se para falar, argumentam alto demais, deliciam-se com a comida, plantam-se à lareira e trocam folhas de cancioneiro para cantar e bailar.
Já alguma vez deixei aqui o meu manifesto sobre as coisas híbridas? Sim, gosto delas. Gosto tanto delas. Tudo o que é demasiado certo, arrumado e equilibrado me desapaixona. E estou em desarrumação constante, sempre à procura de alguma coisa mais.
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