Muitos poderão escrever sobre o Jorge homem e sobre o Jorge escritor, eu apenas o conheci na blogosfera, o seu cheiro dos livros (http://nemsemprealapis.blogspot.pt) era obra pública de um amor desmedido às letras, não só reconhecia a obra literária dos outros como traduzia com rigor e precisão. Por causa dele comecei a espreitar os nomes dos tradutores, esses homens e mulheres sombra mas que são fundamentais à obra de um escritor. E os seus textos de prosa poética são lindíssimos, nunca teve, contudo, o reconhecimento merecido, não sei se era por isso que emergia alguma amargura e crítica ácida ao meio literário português. Não sei se tinha toda a razão mas parte tinha com toda a certeza. Os netos gémeos eram um orgulho para ele, mostrava-os ao seu colo, mostrando um ser humano doce e especial.
Apareceu um dia a comentar na minha Ardósia Azul e gostei logo dele, os comentários eram sempre únicos, delicados, às vezes desafiadores, mas sempre inteligentes. Perdi-o quando comecei a escrever na Rua da Índia mas um dia descobriu-me. Tenho pena de nunca termos combinado um café na praça do Príncipe Real, um dos seus lugares de eleição, tão bonito, tão boémio. Atravessei a praça tantas vezes ainda adolescente, de certo que o Jorge já lá tomava café e fumava um cigarro.
Tinha como eu um grande amor ao sul, ao sul real e ao sul simbólico no que ele tem de azul revolucionário.
Um abraço Jorge.
~CC~
Nunca me descobriu, mas eu descobri-o a ele, e isso foi muito bom.
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