Um outro na nossa vida, penso no significado disso enquanto registo a ténue tristeza que invade corações que assinalam rupturas recentes. Já vi rupturas dolorosas, quase sempre trazidas por traição, alguém que foi trocado quando a relação não tinha sido dada por finda. Sei da fúria, da zanga.
Mas as rupturas leves, semi doces, em voz sussurrada, em que todas as razões parecem tão sem razão, esvaziam mais. O inesperado não reside no amor ter acabado mas sim na forma como foi definhando sem deixar marca, um arrastar lento de uma dor que nem se nota. Porque se entristece quando já não brilhava? Porque se chora quando já não se ria? Porque o outro faz ainda falta, é ainda aquele calor que passa numa festa de cabelo, numa mão que se dá, num telefonema de auxílio. Antes ele era qualquer coisa que nem se notava, nem se sentia falta, mas agora que se foi é a sua ausência que alastra por todo o lado. Estas são as rupturas que se choram baixinho. Fico com uma vontade de abraçar estas mulheres, mas não se consola quem não grita, quem não se zanga, quem não protesta. Ainda assim, fico com vontade de as abraçar.
~CC~
Sem saber sofria de "habituação", embora ache que a fraternização do amor seja um final de travo amargo como qualquer outro.
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