"A comunidade reage"...belo título que o povo de Canelas encontrou para o seu protesto. Ainda há quem proteste, não sei se a razão está ou não do lado deles. Mas importa-me que se incomodem, que se rebelem, que questionem a autoridade do Bispo. Com inegável carisma, juventude e um palminho de cara, o padre Roberto tinha a sua paróquia na mão. Este laço fez-se a partir do tempo que parece ter dispensado para estar com as pessoas, da igreja sempre aberta, da exteriorização alegre da fé, da capacidade de mostrar afecto, inflamação no discurso, posições tomadas contra o uso do dinheiro da igreja em estatuária sem grande interesse para a população. De resto toda a explicação do carisma é insuficiente para o explicar. Uma delícia antropológica o padre expulso e a população que por ele chora.
O padre Roberto seria assim um populista como agora é habitual dizer-se. Curiosamente um populista e justiceiro da fé católica. Ou será que esse termo só se usa para denegrir os políticos desalinhados? Bem sabemos que o discurso que se põe do lado do povo pode ser perigoso. Mas o seu poder de assustar os bem alojados no poder tem imensa graça, entusiasma-nos por momentos, mesmo se não resiste a um olhar mais atento. Há na insatisfação popular uma dose de indignação que me agrada. Mas...
O povo que parece ter razão e grita pelo seu padre é o mesmo que manda o padre novo cortar a barba e o cabelo, tão conservador onde antes parecia arrojado. O problema do populismo é que é bom para derrotar mas não é suficiente para construir, é arrojado na emoção mas falta-lhe a razão. O padre que é um anjo não pode ser aquele que acusam de ter uma amante mulher e depois um amante homem, mesmo que seja verdade não pode ser porque os deuses não têm pés de barro nem estão sujeitos às fraquezas humanas. Sacralizar, criar heróis com pinta de anti-heróis; eleger palhaços, prostitutas, travestis, padres populares, sim...é o que nos apetece para quebrar a infinita cadeia dos jovens saídos das juventudes partidárias. Mas temo que o caminho não seja ainda por aí.
~CC~
O padre Roberto seria assim um populista como agora é habitual dizer-se. Curiosamente um populista e justiceiro da fé católica. Ou será que esse termo só se usa para denegrir os políticos desalinhados? Bem sabemos que o discurso que se põe do lado do povo pode ser perigoso. Mas o seu poder de assustar os bem alojados no poder tem imensa graça, entusiasma-nos por momentos, mesmo se não resiste a um olhar mais atento. Há na insatisfação popular uma dose de indignação que me agrada. Mas...
O povo que parece ter razão e grita pelo seu padre é o mesmo que manda o padre novo cortar a barba e o cabelo, tão conservador onde antes parecia arrojado. O problema do populismo é que é bom para derrotar mas não é suficiente para construir, é arrojado na emoção mas falta-lhe a razão. O padre que é um anjo não pode ser aquele que acusam de ter uma amante mulher e depois um amante homem, mesmo que seja verdade não pode ser porque os deuses não têm pés de barro nem estão sujeitos às fraquezas humanas. Sacralizar, criar heróis com pinta de anti-heróis; eleger palhaços, prostitutas, travestis, padres populares, sim...é o que nos apetece para quebrar a infinita cadeia dos jovens saídos das juventudes partidárias. Mas temo que o caminho não seja ainda por aí.
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