terça-feira, 13 de outubro de 2015

Com sabor



Esta noite sonhei que tinha um rabo plano, praticamente inexistente, uma condição para qualquer tia que se assuma como tal. Costumo espantar-me com a forma como as costas, em algumas mulheres, em vez de acabarem numa saliência, terminam numa reentrância. As formas redondas há muito que deixaram de ser moda e as curvas da mulher portuguesa são apenas de antologia.  Logo, eu estou fora de moda e não é coisa que me preocupe por aí além desde que não arredonde tão completamente que deixe de poder comprar pelo menos o número maior das lojas mais comuns, essas onde toda a gente compra roupa, como não gosto de perder tempo em compras nem de gastar muito dinheiro, essas há por todo o lado.

Emagrecer significaria deixar de comer as cenouras algarvias que o meu amor faz para mim e as cavalas com bacon, último acepipe do seu menu. Quem é que já não pensou no assunto? Às vezes até eu penso na palavra dieta, momentos bem fugazes é certo. No outro dia, num almoço de família, um homem disse que não comia arroz nem batatas, à semelhança da mulher com quem escolheu viver. Estão os dois magros, mas é aquela magreza da fome, do esforço, de algum sofrimento. É, contudo, uma escolha que respeito.

Só que eu e meu amor temos já anos de receitas partilhadas, sabores experimentados, muita troca de pratos para provarmos de tudo. Quando me lembro de coisas boas que partilhámos, há sabores comuns que vivemos como a omeleta de rama de cebola e o caldo de peixe em Cabo Verde. A comida não é apenas a cozinha do master chef, aí ela é inodora e incolor, falta-lhe o lugar, o cheiro, as palavras que acompanham. Cedemos ambos ao que gostamos, ele de cozinhar em casa, eu, embora também goste de cozinhar, adoro ir a sítios de que gosto, quase tanto como de experimentar sítios novos. E nem o último picapau que me trouxeram e que não fui sequer capaz de comer, me tira a vontade de experimentar paladares. Tão bom como isso só ir aos mercados de rua e descobrir frutas e legumes que não conheço, andar por ali a saber o nome de tudo como se fosse outra vez uma criança a descobrir as coisas.

~CC~



4 comentários:

  1. Hummm... Esta publicação tem cor, cheiro e sabor. :) De repente, deu-me um apetite de coisas boas!

    ResponderEliminar
  2. Até me apetece mostrar isto a toda a gente!
    Que bom é trocarmos pratos!...
    jjs

    ResponderEliminar
  3. Omolete de rama de cebola?! Sempre a aprender, é o que é (e mais aprenderia se me explicasse como se faz :-) ).

    ResponderEliminar
  4. Deep...e se há coisas boas para comer por aí, agora no Outono ainda mais...não esqueço da visita que aí fizemos e que teve direito a mesa de lanche...

    JJS, no alimentar é que está o ganho, sem isso definha-se.

    Carlos, o problema desta receita é que tem que ter a capoeira e a horta, depois é no momento que vai buscar os ovos e apanhar a rama de cebola, ora sem isso, já tentei repetir várias vezes e nunca mais teve o mesmo sabor.

    ~CC~



    ResponderEliminar

Passagens