Têm sido dias intensos, de múltiplas festividades, algumas mesmo muito trabalhosas pois implicaram preparação prévia de longa duração com alunos e picos enormes de tensão. No dia da festa tudo parece esbater-se e eles, embora com diferentes níveis de envolvimento, parecem felizes, alguns mesmo muito felizes. Creio que metade do que temos explicado em múltiplas aulas, se resume numa tarde, talvez mesmo o curso inteiro. E percebo que alguns deles entendem muito bem o que se passa aqui, o que é o envolvimento com as pessoas, com a comunidade e outros não, não vão além de entenderem tudo isto como mero entretenimento. No final deste ano e principalmente deste projecto, sei os que deixaria ficar e aqueles a quem diria para escolherem outra coisa para fazer. Não será coisa que possa fazer, mas sei que não poderei deixar de lhes dizer algo. Estas conversas custam-me muito e levam alguns às lágrimas, alguns passarão a detestar-me, outros irão agradecer. A verdade é que metade deles chegam aqui perfeitamente perdidos, poderiam estar neste curso ou em qualquer outro, talvez isso nem seja grave, mas será se chegarem ao fim com a mesma sensação.
Os meus dias intensos têm felizmente incluindo vistas sobre o estuário e o rio e ainda ontem o cruzei e quase molhei lá os pés, por mais que vos pareça estranho passeio em trabalho, ainda que esteja longe de ser a sortuda que faz os guias de lazer para as mais diversas revistas (uma profissão de sonho, sem dúvida).
Falhei os concertos e as festividades de Abril por cansaço puro, mas tenho cá dentro um amor inteiro por este mês que grita e grita liberdade e tudo enche de papoilas.
~CC~
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