Vou no meu quinto (re)nascimento. Mia Couto inventaria uma palavra melhor para o regresso do abismo.
Salvei-me em criança de ser para sempre roubada à minha família, provavelmente morta, é uma história que pensamos só acontecer aos outros ou nos filmes. Só ter escapado é o aspecto mais intrigante de todos, levada e devolvida no mesmo dia. Ainda faz parte dos meus pesadelos, não conseguirei libertar-me completamente mas aos poucos fui deixando a pele.
Tive dois acidentes graves de carro, um capotamento na autoestrada e um choque frontal com um animal de grande porte. Do primeiro a marca foi ligeira, do segundo um pouco menos, fico a suar quando vejo animais perto das estradas. Fisicamente intacta, ainda que do segundo possa decorrer a vértebra que galgou para cima de uma outra e me provoca a dor na perna direita.
Há uns anos, em missão de trabalho em Angola, salvei-me de uma salmonela feroz. Estive internada e a desintegrar-me, levei algum tempo a recuperar o equilíbrio, quase deixei de saber andar.
Mas só na quinta vida, esta que renasce depois de um tumor (ai a palavra "depois"), tenho que dizer quem sou. Toco no ombro de alguém ou digo olá sem que ele seja devolvido e é preciso dizer: sou a ~CC~, sei que estou muito diferente....abrem-se olhos e bocas de espanto, muitas vezes surge um sorriso, um pedido de desculpas, às vezes um abraço mais apertado. Sou eu, ainda sou eu.
~CC~
e será, CC, um exemplo de vida(s).
ResponderEliminarobrigada por trazer vida real nas palavras que nos dá.
beijo
CC, eu vou no terceiro e um motivo é coincidente.
ResponderEliminarTodos os dias agradeço à vida, vida que perspectivo de forma diferente nalguns aspectos e que, não raro, desagrada porque não condiz com certas características da vidinha.
Bom domingo!
Ana, tão real e crua como só ela pode ser.
ResponderEliminarIsabel, deixa-me a pensar em qual das cinco:)
~CC~