Já andam os dias a correr à minha frente, a fugir-me. Tantas reuniões para tão pouco proveito, deixá-las correr, não me importar em demasia o que não foi, o que podia ter sido, o que não consigo. Não é fácil, hoje disse ao colega que me pediu o texto que não o tinha conseguido fazer, que o melhor era não contar com ele. Mesmo assim ele disse: tu consegues. Rapidamente as pessoas se esquecem que já não somos as mesmas.
Já andam as noites a prolongar os dias, reclamando o direito a existirem como tempo de solidão e descanso. O dique a colocar entre mim e a inquietação.
Uma pausa, a necessidade de respirar entre duas aulas, sentar-me a meio delas, mesmo que só um bocadinho. Nesses momento a plena consciência de que sou outro eu.
É o corpo, a sua sabedoria. Eu a escutá-lo, isso aprendi. Saber adiar, saber parar, deixar escapar coisas, cancelá-las se necessário. Aprender outra vez tudo quase como se tivesse nascido outra vez. Aprender o que posso e não posso comer e, sobretudo, como devo comer. Muitas vezes tem corrido mal. A dor, as dores, às vezes incompreensíveis.
Mudo agora de roupa quando chego a casa, como tu fazes. É como se com isso me obrigasse a um outro tempo, ao corte com o trabalho, a não voltar a ser o que era. Devia ser como um bicho e ter de vez mudado de pele.
~CC~
Há que ir com calma. Quanto mais damos, mais exigem de nós...
ResponderEliminarMudar de roupa quando chego a casa foi coisa que sempre fiz. Como quem procura liberdade. :)
e eu a reaprender-me consigo.
ResponderEliminarobrigada, CC
reclamar alguns minutos só para nós e "vedar-mo-nos" ao mundo, nem que sejam 5 minutos. faço isso todos os dias e gosto cada vez mais.
ResponderEliminarLuísa, acho que aí reside uma grande verdade- quanto mais damos, mais nos exigem. Mas não devia ser assim.
ResponderEliminarAna, aprendizagens mútuas:)
Laura, é o tal dique, a barreira- precisamos, se não sufocam-nos.
~CC~