domingo, 19 de agosto de 2018

Vizinhos



O que mais gosto nos nossos vizinhos?

A forma como não deixaram que a Europa os uniformizasse, a manutenção da sua identidade. Em muitas, muitas coisas.

As lojas, os cafés e os restaurantes fecham todos para a siesta. As lojas fecham entre as 14h e as 17h, os restaurantes às 15h e só abrem às 20h. Ao Domingo não se abre portas. No último 15 de Agosto, aqui na minha cidade, nem se saberia ser feriado, a maior parte das lojas da baixa estava aberta. Já no último Domingo em Espanha, nada, literalmente nada estava aberto, as ruas da cidadezinha estavam absolutamente desertas e antes das 19h parecia que não vivia lá ninguém, à meia noite pulsava de vida, gente de todas as idades nas ruas e nas praças, muitas crianças (qual cama, qual quê...). As mulheres mais velhas pintam-se e vestem-se bem, falam sem parar, respiram alegria. Os miúdos pequenos parecem mais livres, não vi nenhum com um tablet à frente para não fazer birras. Contei pelos dedos as lojas de comida de cadeias célebres, sobretudo de fast food, menos, muito menos que nas nossas. Se eles têm as tapas...Falam um inglês imperceptível para nós, várias vezes pronunciaram palavras em Inglês sem que compreendesse, usam a sua própria pronúncia para falar outras línguas. Tudo é dobrado, sei que criticam muito esta opção deles, mas é sem dúvida mais democrática. 

Há muito, muito turismo interno, há espanhóis a visitar museus e monumentos, há aliás sobretudo espanhóis, há espanhóis a viver as coisas deles, sente-se que elas são feitas para consumo interno, não para externo. Diria que parecem estar-se nas tintas para uma certa ideia de ser Europa, a Europa do centro, a que nos normalizou a partir de Bruxelas. Em Portugal quando mais perto se está dessa Europa, melhor se é. E agora há os nórdicos para imitar. Nós temos essa tendência para imitar alguém quando queremos ser bons. Ou agora somos bons porque a Madonna vive cá. Perto estaremos novamente de ter só ementas em Inglês no Algarve. Não aprendemos o suficiente com os erros.

Gosto dos nossos vizinhos, de lá é bom vento e bom casamento. Sempre podiam era ter abolido aquela coisa da monarquia...nisso fomos mais fundo, melhor.

~CC~



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