Tu dizias: não te demores.
E eu aprendi assim a não me demorar, a chegar à praia e entrar logo na água, independemente da sua temperatura para depois secar e me vir embora.
Tu dizias: não te demores
E eu deixei de ir às praias mais longe, onde sabia poder haver trânsito no caminho, onde o estacionamento era incerto, onde o tempo podia não depender de mim.
Tu dizias: não te demores
E eu sabia que não podia fazer refeições demoradas fora, levar livros entusiasmantes em excesso, buscar a beleza noutras cidades próximas, nas feiras, nos festivais.
Estar aqui nos últimos dois anos contigo foi sempre não me poder demorar, esperavas-me para o almoço, para o lanche, para o jantar.
E agora que posso demorar-me e já não me esperas, já não o sei fazer.
~CC~
Quem diz "não te demores" é quem espera uma parte de si que está longe.
ResponderEliminarQuem diz "não te demores" é quem precisa do outro de corpo e alma mas... nem sempre é compreendido.
Um abraço.
Este é um contexto relacional mãe-filha. Contudo, entendo que se possa passar num contexto relacional de casal, quem exprime desejo de que o outro não demore exprime por certo o que diz, mas também entendo que o outro possa sentir isso como condicionamento. A vida nem sempre é a preto e branco, há muitos cambiantes. Um abraço
EliminarA vida tem assim uns cotovelos que nos viram o mundo. Mas é sempre o mesmo mundo, ainda que nos pareça estranho. E também se entranha.
ResponderEliminar"cotovelos que nos viram o mundo", a Bea tem cada expressão mais engraçada:)
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