Corro atrás das horas e elas andam sempre para a frente a fugir-me, a escapar-me. Assusta-me não conseguir chegar onde prometi chegar mas faz-me profundamente infeliz tê-lo prometido, os meus compromissos já não deviam ser estes que estão sempre a chegar, a assolar-me, a tirar-me o sono. Tudo tem um ciclo e posso não ter chegado ao topo dos topos, seja lá o que isso for, mas agora é tudo o que eu menos quero. Houve um tempo que achei que de um lugar de poder conseguiria influenciar o mundo ou pelo menos uma organização e isso poderia valer a pena, estive quase a fazê-lo, mas houve sempre em mim alguma descrença.
Nunca pensei querer tanto que se esqueçam de mim. Não quero falar para plateias, desse lugar não vejo os olhos de ninguém, não consigo abraçar ninguém. E estou condenada, obrigada a fazê-lo, isto já é uma violência e parece estranho não poder dizer não, mas há circunstâncias em que não se pode fazê-lo. Quero estar com pessoas, mas de outra(s) forma(s).
Deixem-me um canto onde me possa abrigar e submergir na poética das coisas.
~CC~
Com a experiência que vamos ganhando na vida chegamos à conclusão que certas ideias que perseguiamos não têm qualquer importância, como por exemplo "chegar ao topo". Importante é fazer de cada dia um lugar de beleza, como disse um Papa qualquer de quem não recordo o nome. É importante ter coragem para dizer NÃO de vez em quando.
ResponderEliminarUm abraço.
Se eu conseguisse fazer pelo menos de metade dos dias do ano um lugar de beleza, ficaria muito feliz. Muito boa essa expressão.
EliminarA frase "Importante é fazer de cada dia um lugar de beleza" foi dita pelo Papa Francisco. Ele frequentemente enfatiza a importância de encontrar beleza e significado nas pequenas coisas do dia a dia.
EliminarO melhor Papa que já houve em muitos anos...para contrastar com os políticos, dos piores de sempre. Dias de beleza para si Teresa.
EliminarPois eu gostaria de a ouvir. Mesmo desconhecendo os temas. Quem escreve assim não pode ser má comunicadora. Se um dia vier falar aqui por perto, faça o favor de avisar.
ResponderEliminarMas é entendível o que escreve. Imagino que seja mesmo assim, das plateias sente o ambiente e não esta ou aquela pessoa. O ambiente pode matar o orador. Ou elevá-lo à qualidade de ser bom e de certa forma acarinhá-lo. Também deve ser agradável conseguir captar a atenção e quiçá a mente de muita gente junta, digo eu.
No seu mundo não há a palavra não?!
Boa tarde, CC.
Por vezes somos quase reféns de uma instituição e não é tão fácil dizer não quanto parece...um dia, se me ouvir, que seja à mesa de um café, num parque bem verde, numa praia com o som do mar...em que a palavra dita seja palavra trocada. Bom fds Bea.
Eliminar:)) Quem sabe...pouco ligo a lugares quando as pessoas importam. Faço como nos filmes, se a história me interessa não oiço a música.
EliminarEstou como a Bea, também gostaria de a ouvir, mesmo que as matérias me passassem ao lado, algum sumo haveria de tirar, pois quando se é interessante, é-se interessante em qualquer lugar ou função.
ResponderEliminarEntretanto (enquanto isso não acontecer) escuto-a aqui e sinto-a como se estivesse no divã do psic, contando muito genuinamente o que a afeta. Retiro essencialmente a relatividade, em relação às nossas percepções, sonhos e em relação ao evoluir do tempo, da idade. Também me acontece.
Olhe, quando conheci a minha mulher, ela estava a acabar serviço social e foi estagiar para uma IPSS, contactava com pessoas no terreno, muito longe das teorias que vêm nos manuais, era uma realidade nova, que quem está no topo desconhece. E, quando a ia buscar à quase noite para uma horinha de namoro, senti-a aborrecida, contrariada, não com as reais desgraças que se lhe deparavam mas porque sentia que as "chefias" tinham a obrigação e o poder de fazer mais, muito mais do que realmente se prestavam a fazer. Era isso que lhe doía, e, portanto, a CC tem razão quando diz que o topo afasta as pessoas da realidade, das relações pessoais e de por vezes coisas tão simples como um abraço.
Estamos aqui todos no divã do Psicanalista, é esse o objectivo:) Enquanto penso, talvez faça alguém pensar, enquanto sinto, talvez faça alguém sentir. Já me ouve num lugar especial Joaquim, aqui na minha rua.
EliminarUm texto que muito me emocionou.
ResponderEliminarObrigada.
Um abraço.
Olinda
Obrigada Olinda, por vir, por se emocionar, pelo abraço.
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