Fugiu-me Outubro à velocidade que a areia me cai entre as mãos se as abrir. Fugiu-me Outubro como se todo um mês tivesse sido vivido naquela velocidade dos banhos matinais. Fugiu-me Outubro enquanto tentava prolongar os dias e adiar a hora das noites. Fugiu-me Outubro nos sonos inconstantes entre o sofá e a cama, sonâmbula entre ser demasiado cedo para acordar e demasiado cedo para dormir. Fugiu-me Outubro enquanto tentava acabar sem conseguir o livro do Clube de Leitura. Até os espectáculos a que assisti não perduraram na memória, tão cheia de pressas que ela andou.
Apenas ficou Outubro no dia em que a chorei, em certas manhã de domingo em que ouvi música, em certos dias em que consegui pisar as folhas amarelas e reunir paus com que desenhei ninhos para aves ainda inexistentes.
~CC~
Há livros mais exigentes que outros. Há os que nos agarram à leitura e que a gente não larga antes de terminar e outros que exigem que a gente pare para pensar. Ter um prazo para ler um livro (como por exemplo ter de devolver o livro à biblioteca) não ajuda à compreensão e ao alcance do que estamos a ler. Por isto, o tempo foge-nos. O tempo pergunta ao tempo quanto tempo nós temos.
ResponderEliminarA solução poderá ser ir comprando os livros e ir-los lendo à medida que o clique surja e faça sentido.
Sempre gostei muito de ler e nunca precisei de regras ou prazos, até o trabalho me começar a engolir o tempo todo e começar a sentir-me esgotada e vazia. Ler faz parte do processo de recuperação e agora preciso de prazos. Um dia mais tarde talvez não.
EliminarDe Outubro ficou-me a viagem; um aniversário; o encontro com os meus alunos séniores. Tudo o mais - melhor ou pior - é tão de hábito que descarto.
ResponderEliminarNão sofro de falta de tempo. Sofro o tempo que cabe na noite, mas também isso é costumeiro.
E hoje é domingo e há sol. No tempo antigo a que pertenço, dia 2 de Novembro era o dia dos mortos. Falar da saudade que lhes tenho é pura redundância; calá-la não a mingua, mas é mais eficaz e menos aborrecido para terceiros.
Tenha um bom domingo, CC.
Fica-nos o que é mais significativo, não cabe tudo na memória, esquecer é tão bom como lembrar. Resto de bom domingo Bea.
EliminarA fugacidade do tempo, aliada às tarefas rotineiras faz com que os meses passem a correr uns a seguir aos outros, não é CC?
ResponderEliminarNesse aspecto a memória é selectiva e só guarda o que nos foi verdadeiramente relevante. Acho até que ser completo e inteiro, para a memória, pouca diferença faz, embora para nós não.
É engraçado que almejamos diariamente tornarmo-nos melhores seres humanos.Tornar-se humano é o fito, por excelência, do humano.Ser-se quem se é, uma tarefa sem fim.
Um bom domingo CC, num dia bonito de sol mas de significado triste.
A sensação de que cada mês passa a uma velocidade assustadora tem vindo a acompanhar-me. Só não acontece com Agosto, significa isso que o trabalho me ocupa muito, muito tempo, por mais que tente estancar o modo como me engole. Ainda assim, muitas coisas que faço são mesmo boas e talvez por isso me deixe ir. Quanto ao dia, nunca fez parte dos meus rituais, lembro os meus mortos noutras datas que não esta, cada um tem a sua data ou datas e é é nelas que os choro. Resto de bom Domingo Joaquim.
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