segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Crónicas de separação (II)



Certas cidades tornam-se impossíveis, há ruas que evitamos, determinados momentos do dia que se tornam vazios. O acordar, o deitar, esses rituais que eram habitados por palavras do outro e agora são um lugar de silêncio.

Achamos o nosso olhar diferente no espelho, há um brilho que desapareceu.

Quantas vezes não partimos para acabar com uma dor e ganhamos subitamente outra dor, esta é diferente, é outra coisa. Demoramos a sentir o presente, não queremos sequer imaginar o futuro, na maior parte das vezes esperamos que os dias passem.
 
Não há separações felizes, mesmo as que se desejam, mesmo as que terminam com alguma coisa estava nas antípodas de um crepúsculo visto a dois. Lembro-me desse dia, desse momento em que esperei mas ele não veio a tempo. Amar é também saber respeitar certos encantos que moram no coração do outro, por exemplo aquela cor que o dia tem quando se despede de nós.
 
~CC~
 

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