terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Parado assim, em plena via.



O carro estava parado no meio da via, as portas fechadas, ninguém lá dentro. Parou pouco antes do sinal, pelo que era necessário contorná-lo para seguir em frente. A mesma marca de carro, o mesmo modelo que usei tantos anos, só a cor era diferente. Um coração que parou. Uma doença súbita. Ou simplesmente alguém que decidiu fazer um intervalo, foi-se embora porque aquele carro, aquela via, aquela vida já não faziam sentido. Penso em todas estas coisas várias vezes. Vou a conduzir e o meu coração pará, uma artéria rebenta no peito, na cabeça. Penso também em deixar esta vida assim de repente, interrompê-la, como quem sai num intervalo do cinema e já não volta ao filme. Veio a polícia e rodeou o carro de cuidados, avançavam para o analisar como se dentro dele estivessem mil bombas, um terrorista escondido, um corpo morto na bagageira. Um carro roubado talvez, mas que estranha forma de o abandonar assim em plena via.

Não saberei por certo quem era. Espero que o meu coração continue a bater, hoje dói tão estranhamente. 

~CC~

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