É verdade, o Daniel também sou eu, tu, ele. Todos somos Daniel.
Afogados pela burocracia que tudo engole como um mostro silencioso, inumana, feroz, insaciável.
Ontem ao telefone para o centro de saúde; eu queria saber...Do outro lado: não é aqui! Telefone pousado com estrondo sem me deixar fazer a pergunta seguinte que me ficou a morrer na garganta. Sou eu quando o médico me interrompe depois de me ter perguntado pelos meus sintomas e continua a falar como se estivesse dentro de mim, somos nós sempre que somos atendidos por gente que nem nos olha e apenas se fixa no computador.
Daniel é todas as pessoas idosas que quando as bilheteiras estão fechadas não conseguem comprar um bilhete de comboio, remetidas para as máquinas que não sabem usar.
Daniel sou eu a ler o decreto lei sobre incapacidades (desafio-vos), um objecto intragável que classifica ao pormenor cada parte do nosso corpo como se estivéssemos no talho. Daniel são todas as pessoas que não usam caixa directa e esperam ordeiramente na fila da CGD, agora que os balcões desataram a fechar (e pelos vistos ainda fecharão mais).
Ele revolta-se, ele deprimi-se, ele resiste. Não precisava morrer para nos mostrar o absurdo que é este sistema, mas é verdade, muitos morrem quando estão à beira da solução, é a exaustão.
Não percam, além de verem Daniel Blake, vão ver-se a vocês próprios, ao tio, a uma avó, um vizinho.
~CC~
Infelimente assim é, CC. Dizia-me há tempos um médico, que me atendeu numa urgência depois de uma asneira que outra médica fez e que me estragou as férias, que não passamos de números.
ResponderEliminarÉ a terceira pessoa que faz uma apreciação positiva do filme, entretanto, vi o trailer. Não posso deixar de ver.
CC, espero que esteja bem. Beijinhos
vi o trailer, mas não estou capaz de ver finais infelizes.
ResponderEliminarbom sábado, CC
Deep...não pode mesmo!
ResponderEliminarAna, o final é tão esperado que não é bem infeliz, é só o culminar do que já esperamos do sistema. É como se não pudesse ser de outra maneira. Acho que ia gostar.
~CC~