Estava atrás dela na fila, uma senhora respeitável, certamente com mais um dez anos que eu:
- Quero uma aranha, uma joaninha, um trevo e a pérola negra.
Primeiro pensei que ela se tinha equivocado com a loja já que ali não se vendiam animais mas jornais e revistas, depois estranhei as outras categorias que não batiam certo com as primeiras, até perceber do que se tratava, afinal eram nomes de raspadinhas. Tamanha imaginação de quem inventa estas coisas, refinada memória de quem as pratica ou de quem raspadinha atrás de raspadinha se vai viciando.
Olhei para o lixo, estava quase cheio de papéis raspados, por certo a clientela era muita.
Perguntei à senhora da loja se vendia muito. Respondeu que sim, que quanto mais idosas eram as senhoras, mais gostavam daquilo. Fiquei a pensar tantas coisas. Ainda me lembro como uma senhora que conheci numa das aldeias escondidas deste país me dizia: ao fim da tarde menina, um copinho de licor caseiro e lá se vai a solidão. Serão também as raspadinhas um elixir do mesmo género? Ou será mesmo pela possibilidade (remota) do prémio?
O que vive escondido nas aranhas da sorte?
~CC~
Não fazia ideia desses nomes para as raspadinhas... :))
ResponderEliminartambém já me aconteceu e achar mesmo que vendiam aranhas de plástico ou coisa do género. já estava prontinha para zarpar dali para fora!
ResponderEliminarÉ como vê Luísa, aranhas e trevos estão ligados no imaginário popular a dinheiro...mas o resto da fauna?! Há por ali muita imaginação:)
ResponderEliminarLaura, a lista de compras está a incluir novos bens!
~CC~