Somos como eles, somos diferentes deles.
É esta a geometria do estrangeiro, esta lógica do que se nos assemelha e do que nos distancia, do que nos fascina e do que nos afasta. E ao mesmo tempo que nos confirmamos mais nós também nos tornamos um pouco eles. É o sabor de certas coisas, as cores fascinantes das flores, o vento frio, o andar apressado, um certo modo de desviar o olhar. E a história, um povo que sofre para se tornar independente é sempre um povo épico, embora um pouco triste, há fado neste sangue, toda a proximidade que é possível criar com as periferias, os lugares periféricos, na beira dos mares que limitam a Europa. A distância resume-se no silêncio do mercado, parece impossível que um mercado possa ser assim calmo.
É preciso ir com vontade de ver, de estar, ir a todos os lugares onde todos vão mas também fugir deles. Ir ao encontro de alguém também é muito bom, alguém que já lá vive, que é de lá ou que se tornou um pouco de lá, caso contrário habitaremos as margens, o centro do postal turístico, os não lugares.
Sei agora o caminho dos teus passos. És tu, a mesma. E, contudo, alguma coisa será sempre diferente depois disto, nunca te bastou mas agora jamais te bastará mais o perímetro do quintal em que vivemos. O mundo não é nem nunca será a minha casa, para ti, outra geração, é-o muito mais. Nisso também reside a minha esperança, na luta que sinto que travarão para barrar o fechar das fronteiras.
~CC~
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